O número de demissões em massa cresceu em 2023 em relação ao ano anterior, segundo relatório da consultoria internacional Great Place To Work (GPTW). A pesquisa “Tendências de Gestão de Pessoas” aponta que 16,7% das empresas do país realizaram grandes rodadas de desligamentos, ante 12,4% em 2022.
Daniela Diniz, porta-voz da pesquisa, destaca o efeito de demissões em massa, principalmente no setor de tecnologia, que tiveram grande demanda por profissionais durante a pandemia, mas que posteriormente enfrentaram mudanças nas estruturas.
“À medida que a pandemia foi arrefecendo, o retorno ao trabalho híbrido e presencial ganham força e a inteligência artificial entra no jogo, a demanda por aquele perfil de profissional que se buscou nos anos pandêmicos diminui e as empresas passam a reajustar seus quadros”, explica.
O setor tecnológico, que é um dos principais destacados pela pesquisa, viu cortes impulsionados por uma tendência que ele mesmo criou: a inteligência artificial (IA).
No ano passado, big techs como Google, Microsoft, Amazon e Meta realizaram dezenas de milhares de cortes à medida que seguem investindo pesado em inteligência artificial generativa.
De acordo com a pesquisa, 44,7% das empresas brasileiras já trabalham com algum modelo de IA, enquanto 24,1% estudam como utilizar.
Nakata reforça que o mercado de trabalho está “doente” ao enfrentar “constantes ameaças”.
“Isso [o temor sobre demissões] gera uma insegurança grande e as pessoas ficam pressionadas para mostrar um alto desempenho, à medida que sofrem com muitas questões mentais ao mesmo tempo”, explica Nakata.
Após um ano de maior insegurança com o mercado de trabalho, — em 2023, 30,5% tinham uma perspectiva de incerteza, ante 19% em 2022 — o relatório aponta que a perspectiva para 2024 melhorou.
E a perspectiva se reflete na maneira como é visto o movimento das empresas em relação a contratações: 47,5% dos respondentes afirmam que suas companhias pretendem expandir o número de funcionários este ano, enquanto 8,5% devem realizar demissões.
O principal motivo destacado foi a falta de profissionais qualificados para o cargo, problema relatado pela maioria de 79,1%, diferença de 46,2 pontos percentuais para o segundo colocado. Os outros motivos foram:
Demora no processo de recrutamento e seleção (21,2%);
Indecisão ou indefinição por parte da gestão (18,6%);
Saúde do trabalhador
O relatório da GPTW aponta que em 2023, pela primeira vez em sua série histórica, — iniciada há seis anos — a saúde mental foi o principal desafio para a gestão de pessoas no ano, indicada por 36,9% dos respondentes.
Para a professora da FIA, a relação entre as demissões e a saúde mental do trabalhador é clara e passou a ser mais evidente com os efeitos do isolamento social.
“Com isso, a saúde mental passou a ser um tema mais debatido e evidente, sendo também um fator de saída das pessoas das empresas”, conclui.