O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (8) reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,5% ao ano. É o sétimo corte seguido, acompanhando a sequência de quedas iniciada em agosto de 2023. O novo patamar da Selic se iguala ao de janeiro de 2014. A queda, no entanto, foi menor que a das reuniões anteriores, que reduziram 0,5 ponto percentual da taxa cada uma.
Segundo o comunicado do órgão, a decisão se dá porque “o ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.”
Como adiantou o R7, o cenário de incertezas sobre a economia mundial levou o órgão a reduzir o ritmo de cortes da taxa básica de juros. Para o economista Hugo Garbe, além das incertezas macroeconômicas “persistentes”, a previsão de redução de 0,25 ponto percentual considera a recente sinalização do Banco Central de desacelerar o ritmo de cortes.
“Um ajuste mais conservador na política monetária reflete uma abordagem prudente frente às incertezas fiscais e políticas internas, além de responder ao contexto externo estabilizado, considerando especialmente as decisões do Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos, de manter os juros”, afirmou.
Impacto da manutenção dos juros americanos
No último dia 1º, o Fed anunciou a manutenção dos juros americanos no intervalo de 5,25% a 5,5%. Com isso, a taxa de juros permanece no mesmo patamar desde julho do ano passado.
Segundo Hugo Garbe, a manutenção das taxas pelo Fed fornece um “pano de fundo de estabilidade” que permite ao Copom manejar a política monetária com foco nas condições internas sem pressões exacerbadas por instabilidades externas.
O economista Augusto Mergulhão ressalta ainda que a manutenção dos juros americanos afeta os mercados globais, incluindo o Brasil, e pode influenciar a política monetária do Copom, sugerindo um pouco mais de cautela. Ele explica que é importante entender o dinamismo da correlação entre taxa de juros e o fluxo de capital.
“A reação não é simples. No entanto, vemos um grande movimento de fuga de capital para economias desenvolvidas, devido aos juros mais altos nos EUA e à instabilidade geopolítica. Isso causa a desvalorização do real e a volatilidade no mercado brasileiro. O capital estrangeiro busca segurança no dólar, levando à desvalorização da moeda brasileira frente à moeda americana e impactando os custos de produção, uma vez que muitos insumos são importados. Isso beneficia exportadores, mas prejudica importadores e pode pressionar a economia brasileira”, afirmou.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.