Um levantamento feito pelo projeto Mapear da PRF (Polícia Rodoviária Federal) identificou 9.745 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais do Brasil.
Trechos que atravessam Santa Catarina estão entre os que mais possuem áreas vulneráveis identificadas.
A BR-101 teve 1.204 pontos identificados, no total, ao longo da sua extensão. Outras rodovias que passam pelo estado catarinense e também tiveram registros de áreas vulneráveis à exploração infantojuvenil são:
- BR-116: com 1.011;
- BR-153: com 550;- BR-163: com 400.
Os dados foram apurados entre 2021 e 2022 e são referentes aos números totais, ou seja, incluem os pontos considerados críticos e de risco alto, médio e baixo.O estudo não apresentou os dados por estado, números totais e nem por regiões. Também não foram divulgados os trechos das rodovias em que os pontos foram identificados.
Rodovias mais críticas para exploração sexual
Apesar da BR-101 ser a rodovia que apresenta o maior número de pontos considerados vulneráveis, ela não é a que apresenta o maior percentual de pontos críticos, ficando na terceira colocação, quando analisado esse quesito, com 8%.A situação mais preocupante é a da BR-116, que apesar de ter 193 pontos vulneráveis a menos que a BR-101, foi a que apresentou o maior percentual de pontos críticos, com 12%.
Na segunda colocação, está a BR-153, com 10% dos pontos considerados críticos.
“A análise desse resultado só reforça a ideia de que pontos absolutos mapeados por si só não servem para indicar a realidade de uma região, estado, cidade ou rodovia. É necessário analisar quanto desse espaço amostral está representado, principalmente, por pontos críticos, seguido da apuração dos pontos de alto risco, pois são os que mais requerem ações, seja da PRF, seja das demais instituições públicas e privadas e sociedade civil organizada”, explica o estudo.
O mapeamento identificou 9.745 pontos vulneráveis pelas rodovias do país. Desse total, 640 foram considerados críticos, o que representa 6,57% do total catalogado.
O relatório ainda classificou:
- 1.884 (19,33%) como de alto risco;
- 3.258 (33,43%) de médio risco;- 3.963 (40,67%) de baixo risco.
O estudo apontou que a maior parte dos pontos mapeados (58%) ficam em áreas urbanas, contra 42% na área rural.O levantamento não traz dados específicos de cada estado, mas pontua que o “Espírito Santo, apesar de sua extensão territorial pequena, apresentou-se como o estado com maior percentual de pontos críticos, com 20,2%”.
Situação da região Sul
Segundo os dados, na região sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foram identificados 2.220 pontos vulneráveis.Dos quais, 103 pontos são considerados críticos, com um percentual de 4,7%. Outros 432 pontos foram considerados de alto risco, 873 de médio risco e 792 de baixo risco.
Na análise feita no estudo, quando comparado com o levantamento anterior, a maior mudança na região foi em relação aos pontos considerados de alto risco, que tiveram queda.
“Desde o biênio anterior já apresentava médias melhores que as nacionais, no presente biênio manteve sua posição e entregou como resultado apenas 4,7% de pontos críticos, 19,6% de alto risco, 39,7% de médio risco e 36% de baixo risco.
Comparada ao biênio de 2019-2020, a mudança mais significativa está nos pontos de alto risco, que antes representavam 24,3% e hoje representam 19,6%”, diz o estudo.
O estudo não aponta em quais trechos estão os pontos vulneráveis na região.
Projeto Mapear no combate a exploração sexual
O projeto Mapear, responsável pela apuração, é uma ferramenta de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes que foi criada pela PRF em 2003.Pelo projeto são apurados os indícios de vulnerabilidades relacionadas ao crime de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais brasileiras.
O principal objetivo com o resultado do mapeamento é nortear ações repressivas e preventivas de combate ao crime.
O levantamento é realizado pelos Policiais Rodoviários Federais a cada dois anos.
