Santa Catarina registrou 17 casos de violência política ao longo de 2023. Os dados são dos relatórios do Observatório da Violência Política e Eleitoral do Grupo de Investigação Eleitoral da Escola de Ciência Política da UNIRIO. Entre os casos monitorados, estão agressões, ameaças, atentados e homicídios, seja contra lideranças políticas ou seus familiares.
Os relatórios classificam os casos de violência contra lideranças políticas por estados em cinco tipos: agressão/agressão familiar, ameaça/ameaça familiar, atentado/atentado familiar, homicídio/homicídio familiar e sequestro/sequestro familiar.
“Violência política é definida como qualquer tipo de agressão que tenha o objetivo de interferir na ação direta das lideranças políticas, como limitar a atuação política e parlamentar, silenciar vozes, impor interesses, eliminar oponentes da disputa, restringir atividades de campanha, dissuadir oponentes de participar do processo eleitoral e/ou impedir eleitos a tomar posse”, destaca o Observatório da Violência Política e Eleitoral.
Ao longo do último ano, Santa Catarina registrou 13 casos de ameaça, um de agressão, um de atentado e dois de homicídio, não sendo especificados nos documentos se os casos foram contra os agentes políticos ou seus familiares.
Confira o número de casos por estado
Acre: 3
Amazonas: 4
Ceará: 12
Espírito Santo: 10
Maranhão: 11
Minas Gerais: 42
Mato Grosso: 13
Paraíba: 13
Piauí: 12
Rio de Janeiro: 29
Rondônia: 4
Rio Grande do Sul: 12
Sergipe: 6
Tocantins: 10
Vereadores são as principais vítimas
Os vereadores se destacam como os principais alvos dos ataques, representando 159 casos de violência política em todo o país em 2023. Em seguida vêm os prefeitos, com 38 casos no ano, o que mostra as lideranças locais como as principais vítimas desse tipo de violência, conforme os relatórios.
Efeito do caso Trump
O caso, que deixou uma pessoa morta e duas pessoas feridas, além do próprio ex-presidente com ferimentos, se soma a um histórico de outros atentados contra líderes políticos americanos. Além disso, a situação levanta o debate sobre casos de violência na corrida eleitoral em diversos países, como o Brasil.
— Boa parte da repercussão disso foi muito negativa. Tanto que o atual presidente, Biden, lamentou aquilo, assim como o presidente brasileiro. Você não vai encontrar ninguém que defenda publicamente aquele tipo de agressão no contexto de uma corrida eleitoral — destaca.
Ele explica, contudo, que a relação entre violência e política existe, sendo que a política tem como princípio evitar o uso da violência nas disputas de poder. Quando há violência em um processo que deveria ser político, a própria política fica comprometida.
— A política quando nasce, nas experiências das pólis gregas no Mediterrâneo antigo, foi pensada justamente como uma maneira não violenta de resolver os conflitos dentro das comunidades. Então, o uso da violência subverte a política, ela é a negação da política. No momento em que a violência se estabelece, a política deixa de existir — afirma.
O professor alega, ainda, que após o ocorrido com Trump no dia 13 de julho, veículos relembraram outros atentados contra presidentes americanos, como Abraham Lincoln, John F. Kennedy e Ronald Reagan.