O setor de inteligência da Segurança Pública em Santa Catarina monitora ao todo sete facções criminosas que têm ramificações no Estado – entre elas, os dois grupos que entraram em conflito nos últimos dias pelo comando de áreas de operação do tráfico de drogas na Capital. A guerra de facções resultou em ataques em diferentes pontos da Grande Florianópolis.
As organizações criminosas monitoradas têm origem em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, e atuam dentro e fora das prisões. O monitoramento de inteligência é sigiloso e permanente.
No último sábado (19), quando bandidos queimaram veículos e montaram barricadas em diferentes pontos da Grande Florianópolis, o acompanhamento não identificou indicação de “salve”, como são conhecidas as ordens de espalhar ataques – em geral, vindas de dentro das cadeias.
O monitoramento de inteligência indicou que se tratava de um movimento improvisado e sem organização prévia, para despistar os esforços da polícia, que fazia uma investida no Norte da Ilha. Isso explica por que não houve contenção prévia dos ataques.
Conforme apurado pela coluna de Dagmara Spautz do NSC, logo que iniciaram as primeiras reações, com barricadas, houve uma tentativa, por parte do setor de inteligência, de evitar que violência escalasse – como acabou ocorrendo, com os ataques se espalhando pela Grande Florianópolis.
O pedido foi para que a PM suspendesse de imediato a operação de saturação no Norte da Ilha, para evitar prejuízos à segurança pública em um dia particularmente complexo na Capital, com show internacional – os policiais buscavam bandidos envolvidos em um tiroteio, como relatou o colega Anderson Silva.
Na coletiva de imprensa feita no início da noite de sábado, o governador Jorginho Mello (PL) transpareceu irritação e conduziu a maior parte dos esclarecimentos – um indicativo de que o clima entre as forças de segurança era ruim nos bastidores.