Um estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado na quinta-feira (21) aponta que a cada 10 mortes em Santa Catarina, 1,2 pode ser atribuída ao consumo de produtos ultraprocessados. Além do impacto em vidas, isso geraria um reflexo econômico de mais de R$ 350 milhões ao ano para o Estado. No Brasil, uma cada 10 mortes pode ser atribuída ao consumo desses produtos, segundo o mesmo levantamento.
O estudo nacional indica que a alimentação com itens como refrigerante, macarrão instantâneo e bolacha recheada provoca 2.201 mortes por ano no Estado, sendo equivalente a 12,5% de todos os óbitos registrados em 2019. O material foi elaborado a pedido da ACT Promoção da Saúde, organização não governamental que atua em favor de políticas públicas nesta área.
Santa Catarina está com os índices acima da média nacional. No Brasil, as mortes atribuídas a esses alimentos chegam a 57 mil, mas com uma porcentagem de 10,5% do total de todas as mortes registradas em 2019.
Ao todo, outras seis unidades da federação mais o Distrito Federal tiveram uma proporção de mortes por consumo de ultraprocessados maior que a média nacional: Rio Grande do Sul (13%), São Paulo (12,3%), Distrito Federal (11,7%), Amapá (11,1%), Rio de Janeiro (10,9%) e Paraná (10,7%). O impacto econômico em todo o país seria da ordem de R$ 10,4 bilhões ao ano, segundo o estudo.
Foco do estudo
O levantamento tem como foco mostrar que alimentos ricos em sal, açúcar e gorduras saturadas são danosos à saúde e podem afetar a economia, gerando despesas como dobrar o investimento anual do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) ou 300 vezes o orçamento do programa Cozinhas Solidárias.Os números tiveram como base dados hospitalares, ambulatoriais e de farmácias de pacientes adultos homens (entre 20 e 65 anos) e mulheres (entre 20 e 60 anos) atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Os números atribuídos a obesidade, diabetes e hipertensão foram obtidos a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, assumindo-se que o consumo de 2017 e 2018 tenham sido iguais aos daquele ano.
Já as informações sobre mortes foram extraídas do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM/SUS) do Ministério da Saúde e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017.
De acordo com o pesquisador e autor do estudo Eduardo Nilson, da Fiocruz Brasília e do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Universidade de São Paulo (USP), os números são impactantes, mas podem ser considerados conservadores. Segundo ele, os valores são subestimados, pois focam apenas em doenças que possuem estudos com muitas evidências científicas com relação aos ultraprocessados.