O Brasil alcançou os menores níveis de pobreza e extrema pobreza desde a série histórica iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números foram apontados na pesquisa da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2024, publicados nesta quarta-feira (4). As informações são do g1.
De acordo com o IBGE e estimado pelo Banco Mundial, pessoas em situação de pobreza são aquelas que recebem US$ 6,85 por dia ou R$ 665 por mês. Já aquelas em situação de extrema pobreza são as que ganham US$ 2,15 por dia ou R$ 209 por mês.
De 2022 a 2023, o percentual da população brasileira com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha da pobreza caiu de 31,6% para 27,4%. O número total era de 67,7 milhões em 2022 e caiu, em 2023, para 59 milhões, uma queda de 8,7 milhões em um ano. Foi a menor proporção desde 2012.
Durante o mesmo período, a população em extrema pobreza recuou de 5,9% para 4,4%, atingindo pela primeira vez uma marca abaixo dos 5%. Em números absolutos, os números caíram de 12,6 milhões para 9,5 milhões de pessoas, também o menor contingente desde 2012. Foram cerca de 3,1 milhões de pessoas que saíram da extrema pobreza durante 2022 e 2023.
As regiões mais atingidas pela pobreza são Nordeste (47,2%) e Norte (38,5%). Nas outras regiões, as proporções são: Sudeste (18,4%), Centro-Oeste (17,8%) e Sul (14,8%). Já a extrema pobreza afetou 9,1% da população do Nordeste e 6% do Norte. A região Sudeste atingiu 2,5%, o Centro-Oeste chegou a 1,8% e o Sul 1,7%.
Benefícios sociais impediram o crescimento da desigualdade em 2023
De acordo com a pesquisa, se os programas sociais não fossem implementados, a proporção de pessoas em extrema pobreza em 2023 teria subido para 11,2%, enquanto as de pessoas em situação de pobreza aumentaria para 32,4%.— A queda na pobreza em 2023 é resultado, principalmente, do dinamismo no mercado de trabalho e do aumento na cobertura de benefícios sociais — diz Leonardo Athias, gerente de Indicadores Sociais do IBGE.
O gerente ainda explica que os benefícios têm um impacto muito grande na extrema pobreza, enquanto a diminuição da pobreza está mais alinhada a um mercado de trabalho mais aquecido.Entre pessoas ocupadas, foi visto que menos de 1% foram consideradas extremamente pobres em 2023, enquanto entre os desocupados essa proporção chegou a 14,6%. Já a proporção entre as pessoas empregadas pobres (14,2%) foi bem inferior à dos desempregadas pobres (54,9%).
— Esses indicadores mostram que há pobreza entre a população ocupada, provavelmente relacionada à vulnerabilidade social de alguns segmentos do mercado de trabalho. No entanto, a pobreza e a extrema pobreza entre os trabalhadores são menos intensas do que na população desocupada — afirma André Simões, que integra a equipe responsável pela SIS.
Crianças são as mais atingidas pelas pobreza
Conforme a pesquisa, as crianças e adolescentes de zero a 14 anos são a população mais atingida pela pobreza: 7,3% são extremamente pobres e 44,8%, pobres.
Entre os grupos por idade, os idosos têm os menores índices: 2% estão em situação de extrema pobreza, enquanto 11,3% estão em condição de pobreza.
Mulheres pretas e pardas estão entre as mais atingidas
A pobreza atinge cerca de 28,4% das mulheres, enquanto entre os homens a proporção é de 26,3%. Enquanto, 4,5% das mulheres e 4,3% dos homens estão em situação de extrema pobreza.Já quando comparados os números através da cor, a pobreza atinge 35,5% das pessoas pardas, 30,8% das pessoas pretas e 17,7% entre as pessoas brancas. Já a extrema pobreza afeta 6% das pessoas pardas, 4,7% das pessoas pretas e 2,6% das pessoas brancas.