SAÚDE - 09/01/2025 08:00

Entenda como o consumo de álcool aumenta o risco de câncer

Especialista explica como substância pode causar dano ao DNA e potencializar o risco de desenvolver doença
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"Acetaldeído [...] pode causar danos ao DNA e provocar mutações. Essa é uma das principais causas do câncer, que é uma doença genética que resulta dessas mutações", explica o chefe da Cancerologia Clínica da Santa Casa | Foto: Arquivo / Agência Brasil

A publicação de uma recomendação médica da principal autoridade de saúde dos Estados Unidos, Vivek Murthy, reacendeu o debate sobre a relação entre câncer e álcool. O documento descreve as evidências que ligam o consumo de bebidas alcoólicas ao risco de pelo menos sete tipos diferentes de câncer, incluindo de mama, colorretal, esôfago, caixa vocal, fígado, boca e garganta. O chefe do Serviço de Cancerologia Clínica da Santa Casa de Porto Alegre, Dr. Rafael Vargas, explica como o álcool se transforma em uma substância tóxica para o organismo humano:

Existem pelo menos duas vias pelas quais o consumo de álcool pode aumentar os riscos de desenvolvimento do câncer. A mais conhecida, segundo Vargas, é relacionada à toxicidade do acetaldeído, substância conhecida como etanal que é gerada pelo organismo humano no processo de quebra do etanol (álcool), enquanto o corpo tenta eliminar essa substância.

“Quando bebemos álcool, ele é metabolizado e transformado em outras substâncias. Existe uma enzima chamada ADH (desidrogenase alcoólica), que converte o álcool em acetaldeído. Em seguida, outra enzima, chamada ALDH (aldeído desidrogenase), transforma o acetaldeído em acetato, que será eliminado do organismo. O acetaldeído, que é um intermediário nesse processo, pode causar danos ao DNA e provocar mutações. Essa é uma das principais causas do câncer, que é uma doença genética que resulta dessas mutações”.

Dessa forma, existe uma relação proporcional entre a quantidade de álcool consumida e o risco de desenvolvimento doenças cancerígenas. “Portanto, quanto mais álcool se consome, dependendo da velocidade de metabolização, há um aumento na concentração de acetaldeído no organismo, o que pode causar danos”, explica Rafael.

Outras hipóteses

Há ainda a relação hormonal do álcool. Segundo Vargas, o álcool também pode afetar o sistema hormonal, contribuindo para o câncer de mama. Este tipo de câncer é um dos mais comuns entre as mulheres, sendo ainda indeterminada a relação entre a substância e este tipo específico de doença cancerígena.

O álcool ainda pode solubilizar os componentes do tabaco. “Para quem fuma e bebe, o risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço é cerca de 100 vezes maior. O álcool facilita a entrada de substâncias químicas do cigarro nas células”. Segundo Vargas, as evidências de que o cigarro contém substâncias cancerígenas é mais forte e antiga na literatura. Por isso, o fato de o álcool potencializar a entrada destas substâncias nas células é amplificador dos riscos.

Por fim, o álcool é um das principais causas da cirrose hepática, que é um fator de risco importante para o câncer de fígado, um dos mais conhecidos entre os consumidores pesados de álcool. Ou seja, pessoas que consomem álcool em grandes quantidades estão também expostas a maiores riscos de câncer caso venham a desenvolver cirrose hepática.

Fonte: Correio do Povo
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