Dança das cadeiras - 09/01/2025 11:26

Reforma ministerial de Lula deve abranger no mínimo 10 pastas

Com as mudanças, previstas para fevereiro, o governo federal pretende acelerar projetos e melhorar relação com Congresso
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Ministros do governo Lula em foto no final de 2024; composição do gabinete deve mudar em fevereiro. Ricardo Stuckert / Presidência da República

A saída de Paulo Pimenta (PT) da Secretaria de Comunicação Social (Secom) não antecipa a reforma ministerial, mas deflagra as primeiras movimentações na Esplanada dos Ministérios. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja o redesenho do governo, quem quer entrar faz acenos ao Planalto e quem não deseja sair busca amparo político. Prevista para fevereiro, a nova composição do primeiro escalão deve ter, no mínimo, 10 trocas.

Com a reforma, Lula pretende romper gargalos administrativos, acelerar obras e investimentos e melhorar a relação com o Congresso. A ideia é preparar o governo para a eleição de 2026, aumentando a aprovação popular e, de preferência, ampliando o leque de alianças partidárias (veja abaixo as possíveis mudanças).

Dança das cadeiras

Nessa arquitetura política, Lula pretende retirar Alexandre Padilha (PT-SP) da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Ministro que mais tempo ficou à frente da articulação política, Padilha deve ir para a Saúde, substituindo uma indicada sua, Nísia Trindade. Escolhida para o cargo em função das qualificações técnicas, Nísia nutre resistência em setores do Congresso por não ceder facilmente a demandas de deputados e senadores.

Para o lugar de Padilha, um dos favoritos é o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). A ida dele para a SRI atenderia a um desejo da base governista, ciosa por um parlamentar que não seja do PT na interlocução do Planalto com o Congresso. De quebra, abriria espaço em uma pasta pequena, mas cobiçada pelas elevadas verbas para publicidade, na qual o Planalto poderia acomodar outro aliado.

A aproximação com o parlamento envolve também os atuais presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Pacheco gostaria de assumir a Justiça, hoje ocupada por Ricardo Lewandowski. Lula não quer perder o ministro, considerado o "líder do STF no governo", mas vê a saída como iminente, diante do evidente cansaço de Lewandowski na pasta e da ida do número 2 do ministério, Manoel Carlos de Almeida Neto, para a vice-presidência jurídica da Vale, cargo destinado ao governo na mineradora.

Lira, por sua vez, manifestou interesse na Agricultura e nas Minas e Energia, ambas pastas de orçamento robusto e forte capacidade de articulação junto ao empresariado. Para assumir um ministério, porém, Lira teria de entregar os cargos que detém na Caixa Econômica Federal, onde controla 10 das 12 diretorias.

Titular da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD) não tem respaldo do setor e fracassou na tentativa de vencer as resistências do agronegócio a um governo do PT, principal missão recebida de Lula. Já Alexandre Silveira (PSD), atual ministro das Minas e Energia, é bem cotado no Planalto, mas estaria com relações estremecidas no próprio partido, sobretudo com Rodrigo Pacheco.

O PSD também está reivindicando uma troca na Pesca, pasta sob seu comando, com o ex-deputado André de Paula (PE). Tanto o partido como o governo reclamam da falta de entregas do ministro, que seria substituído por outro nome da sigla.

Outro alvo de reclamações frequentes é Paulo Teixeira (PT). Ministro do Desenvolvimento Agrário, Teixeira está na mira dos movimentos sociais.   Somente o MST pediu sua demissão duas vezes nos últimos meses. Para seu lugar, é cotado o gaúcho Edegar Pretto (PT), presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A ida de Pretto para o primeiro escalão resolveria uma demanda do PT gaúcho, sem representação na Esplanada após a demissão de Paulo Pimenta. Lula, porém, precisa encontrar outro espaço para Teixeira, já que um eventual retorno do ministro para a Câmara tiraria do mandato o primeiro suplente da federação, Orlando Silva (PCdoB-SP).

Já Pimenta pode ir para a Secretaria-Geral da Presidência, cargo também cobiçado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR). O atual ministro, Márcio Macêdo (PT), deve ser o novo tesoureiro do partido. Caso o gaúcho não permaneça na Esplanada, retomaria o mandato de deputado na condição de líder do governo ou do PT na Câmara.

Em que pese interesses particulares e partidários, o novo organograma ministerial só ganhará feições definitivas após a eleição para o comando do Congresso, dia 1º de fevereiro. A partir das cadeiras mais altas do parlamento, os futuros presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também colocarão seus afilhados na porta-giratória da Esplanada.

Fonte: Gaúcha / ZH
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