Um grupo de amigos ciclistas realizou uma jornada desafiadora, percorrendo 800 quilômetros do Extremo-Oeste ao litoral de Santa Catarina. A aventura começou no dia 13 de janeiro, em Dionísio Cerqueira, e terminou nesta quarta-feira (22), em Laguna. Ao todo, eles passaram por 37 municípios, incluindo um argentino e alguns do Paraná.
O engenheiro químico de Rio das Antas, Edison Luiz Otto, de 57 anos, é o mais experiente deles em cicloviagens, já tendo feito inclusive algumas pela Europa. Foi ele o responsável por toda a estratégia logística do grupo, também composto pelo aposentado Rosinei Marcos (54), de São Ludgero, pelo ourives Maikon Anderson da Silva Coelho (44), pelo advogado Johny Marcos Tibes de Souza (37) e pelo fotógrafo Mauro José de Paris (60), os três de Caçador.
— Houve um planejamento mesclando quilometragem e altimetria dos percursos, para que houvesse um equilíbrio de esforço físico. Com relação às hospedagens, também foi feito previamente os agendamentos, em casas, hotéis e pousadas nas cidades onde foram feitas as paradas do grupo. A pausa para alimentação era ajustada conforme a passagem nas cidades, sempre sendo feito o café da manhã, almoço e o principal, o jantar, para acúmulo de energia para o outro dia. Além disso, cuidado com a hidratação para que o grupo tivesse condições de concluir a viagem — conta Mauro, que é o responsável pela organização geral do grupo.
Suas experiência no ciclismo variam de oito a 27 anos. E essa não é a primeira vez que eles se reúnem para viajar sobre duas rodas, mas é a mais desafiadora. Segundo Johny, a primeira cicloviagem do grupo foi realizada em 2014. Já em 2016, eles percorreram todo o litoral catarinense; e depois, ainda, alguns percursos menores.
— Somos “ciclistas de finais de semana”, mas todos pedalam com frequência. Alguns praticam academia e outros esportes. Então houve um preparo prévio para garantir o condicionamento físico para essa viagem, mantendo essa rotina — conta o fotógrafo.
Do Extremo-Oeste ao litoral em dez dias
A cidade escolhida como ponto de partida fica no limite de Santa Catarina com o Paraná e também com a Argentina. De Dionísio Cerqueira, os cicloviajantes partiram às 8h, indo até Campo Erê. E assim foram percorrendo o estado ao longo de dez dias, pedalando uma média de 80 quilômetros diariamente, até chegar ao destino, no início da tarde de quarta-feira, onde foram recebidos pela equipe da Secretaria de Esportes e pelo prefeito de Laguna.Pelo caminho passaram também por Bernardo de Irigoyen (Argentina), Barracão (PR), Flor da Serra do Sul (PR), Palma Sola, Anchieta, São Lourenço do Oeste, Jupiá, Galvão, São Domingos, Ipuaçu, Bom Jesus, Xanxerê, Faxinal dos Guedes, Vargeão, Passos Maia, Ponte Serrada, Irani, Vargem Bonita, Catanduvas, Joaçaba, Herval D’Oeste, Erval Velho, Campos Novos, Vargem, São José do Cerrito, Lages, Bocaina do Sul, Rio Rufino, Urubici, Grão Pará, Braço do Norte, Gravatal, Capivari de Baixo e Pescaria Brava.
— O maior desafio é fazer uma distância tão grande, levando consigo as bagagens na própria bicicleta, sem carro de apoio e enfrentando os diversos tipos de relevo do território catarinense. Ainda, enfrentamos o calor, que em algumas cidades passou dos 40°C. Enfrentamos dois dias de chuva somente — comenta o ciclista Jhony Marcos.
No trajeto, além da pausa para a descanso, alimentação e atendimento dos jornalistas, autoridades e demais moradores das cidades por onde passavam, também era preciso realizar a manutenção das bicicletas. Ao todo, foram oito pneus furados, segundo o grupo. Sobre as estradas, eles descreveram estarem na maioria em boas condições, mas principalmente nas secundárias, a falta de acostamento foi um desafio. No entanto, o respeito por parte dos motoristas recebeu elogios dos ciclistas.
— É muito gratificante concluir a cada dia o trajeto proposto, sem nenhum acidente e sem nenhuma intercorrência, elevando assim a moral do grupo para seguir em frente e prosseguir para o próximo destino. Chegar ao ponto final, Laguna, sabendo que saímos de Dionísio Cerqueira em cima de uma bicicleta com uma bagagem na garupa, foi muito emocionante — expressou Jhony Marcos.
O grupo retornou para casa nesta quinta-feira (23), desta vez sobre quatro rodas e com vontade de encarar novos desafios e conhecer novos lugares.
— O desafio nos move, não é a primeira e não será a última vez que nosso grupo irá fazer esse tipo de viagem. Vale muito a pena, não apenas pela questão física mas também mental, por mudar radicalmente nossa rotina do dia a dia, e sair pedalando por aí, conhecendo novos lugares e novas culturas, sendo recebidos com muito carinho nos pequenos vilarejos e cidades que sequer conhecemos. Vale a pena! E, aproveitamos para ressaltar que um desafio como este nos mostrou como nosso estado é rico em belezas naturais, culturais e econômicas — finaliza Edison Otto.
