
Elaborado pelo Grupo PSR (Pessoas em Situação de Rua), o estudo pretende propor ações e políticas públicas mais eficazes, com base em dados concretos, para melhorar o atendimento a essa parcela da população.
O relatório aponta que Florianópolis, Joinville e Itajaí lideram em número de pessoas em situação de rua. Juntas, as três cidades somam 5 mil dos mais de 11 mil registrados no CadÚnico até março de 2025.
A maioria das pessoas ouvidas informou que foi levada à rua por desemprego, conflitos familiares ou perda da moradia. A maioria ainda vive nas ruas, mas há uma parcela acolhida em abrigos. Mais de 90% sabem ler e escrever, segundo os dados levantados.
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Mesmo municípios de grande porte, como Florianópolis, Joinville e Criciúma, ainda não contam com unidades do CAPS AD III (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas tipo III), voltadas ao atendimento de pessoas com dependência química em crise, analisou o diagnóstico.
O que dizem as prefeituras das cidades?
A Prefeitura de Florianópolis afirmou que está analisando com atenção os dados sobre a população em situação de rua, mas apontou limitações do CadÚnico para mensurar esse grupo, citando casos recentes de exclusões por renda extra. Informou ainda que promove um mutirão de revisão cadastral e destacou a estrutura da rede de atendimento, com ações integradas entre assistência social, saúde, segurança e desenvolvimento econômico. Segundo a gestão, há esforços para requalificar os equipamentos de acolhimento e reinserir essas pessoas no mercado de trabalho. Também são realizadas operações conjuntas que podem levar ao encaminhamento à Polícia Civil em caso de mandados em aberto.
As prefeituras de Biguaçu, Blumenau, Camboriú, Itapema, Itajaí, Joinville, Navegantes, Palhoça, São José e Tubarão informaram que estão analisando o diagnóstico do MPSC e terão um posicionamento em breve. Balneário Camboriú e Criciúma não retornaram. O espaço segue aberto.
Quais os próximos passos após o estudo?
Com base no diagnóstico, o Ministério Público pretende elaborar recomendações aos municípios e, se necessário, ingressar com ações judiciais para garantir o cumprimento das políticas. Também está prevista uma campanha de comunicação para combater preconceitos e divulgar informações sobre a realidade das pessoas em situação de rua.
Cavallazi defende a criação de fóruns permanentes para promover ações conjuntas: “Temas como migração, a situação das ruas e a capacidade dos serviços públicos de assistência e saúde precisam ser tratados com seriedade. As forças privadas também são fundamentais nesse cuidado com os mais vulneráveis”, afirmou.