
O tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), ficarão frente a frente nesta quarta-feira (13) para uma acareação no STF (Supremo Tribunal Federal). O objetivo é esclarecer divergências nos depoimentos.
O procedimento está marcado para as 11h30 e foi solicitado pela defesa do coronel Câmara. A medida faz parte da fase de diligências complementares do núcleo 2 da investigação sobre a trama golpista.
Preso preventivamente, Câmara deverá comparecer presencialmente ao STF para a acareação, utilizando tornozeleira eletrônica. A defesa busca esclarecer contradições nos depoimentos referentes ao monitoramento de autoridades atribuído ao militar.
De acordo com as investigações, o coronel teria monitorado, antes da diplomação da chapa eleita em 2022, o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB). À época, Câmara assessorava Bolsonaro.
Em depoimento, Cid confirmou que Câmara foi o responsável pelo monitoramento. Ele relatou à PF e ao Supremo que Bolsonaro demonstrou nervosismo ao suspeitar de um encontro entre o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Moraes.
De acordo com Cid, após esse episódio, ele pediu a Câmara para confirmar a informação. O ex-ajudante de ordens afirmou não saber como o coronel obteve dados restritos sobre a localização do ministro, apenas que as informações foram obtidas e repassadas ao grupo.
Em interrogatório, Câmara negou qualquer monitoramento e afirmou ter usado apenas dados públicos, como a agenda oficial, com o objetivo de aproximar Bolsonaro de Moraes.
A acareação será realizada a portas fechadas no Supremo e somente a transcrição do procedimento será liberada pela Corte ao final.
À CNN, o advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, afirmou que, além da questão do monitoramento, a defesa também buscará esclarecer as acusações de manipulação da minuta do golpe e o suposto conhecimento do coronel sobre o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa assassinato de autoridades.
“Acreditamos que, com a acareação, essa má interpretação das palavras do coronel Cid feita pela PGR possa ser desmistificada e, com isso, comprove-se que o coronel Câmara não tem qualquer envolvimento com as acusações que são feitas, de modo que a absolvição se imponha como única saída possível para esse caso”, afirmou Kuntz.
A reportagem também procurou a defesa de Cid, mas não recebeu retorno.