
Durante a megaoperação que deixou mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, as forças de segurança do Rio de Janeiro adotaram uma estratégia batizada de “muro do Bope”. A tática consistiu em cercar os criminosos pela Serra da Misericórdia, empurrando-os em direção à área de mata, onde equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) já estavam posicionadas.
A explicação foi dada nesta quarta-feira (29) pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, em entrevista coletiva ao lado da cúpula da Segurança Pública do estado.
“Distribuímos as tropas pelo terreno. O diferencial foi a incursão dos agentes do Bope na parte mais alta da montanha que separa as duas comunidades. Essa ação criou o que chamamos de ‘muro do Bope’ — uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha”, afirmou Menezes.
De acordo com ele, o objetivo era proteger os moradores e reduzir os riscos de confronto em áreas habitadas.
“A maioria dos tiroteios ocorreu na área de mata. A operação começou às 6h e terminou por volta das 21h”, completou.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, classificou o “dano colateral” como pequeno, dizendo que apenas quatro pessoas inocentes morreram durante a ação.
Segundo Santos, a operação foi resultado de uma investigação de cerca de um ano, que envolveu polícias de vários estados.
“O Rio de Janeiro tem quase um quarto da população vivendo em favelas, contra 8,1% no restante do país. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. O planejamento da ação foi minucioso”, destacou.
Até a manhã desta quarta-feira (29), mais de 130 corpos haviam sido retirados da região. O governo, no entanto, confirmou oficialmente 58 mortes — sendo quatro policiais e 54 suspeitos.
A megaoperação, que mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, é considerada de alto risco pelas autoridades.
“Quero me solidarizar com as famílias dos policiais mortos e feridos em uma ação extremamente arriscada e complexa”, declarou Menezes.
Mais cedo, o governador Cláudio Castro classificou a operação — a mais letal da história do Rio — como um “sucesso”.

