Contudo, mesmo já autorizada em 61 países, de acordo com informações do Instituto Gamaleya, a vacina Sputnik V segue sem uso no país. No entanto, a Anvisa autorizou a importação em caráter excepcional. Isso fez com que as negociações para compra do imunizante pelo consórcio Conectar fossem reativadas.
Da família dos vírus que atacam humanos e animais, o adenovírus quando em forma inativada é considerado um vetor, ou seja, pode ser usado para transportar materiais genéticos de um diferente vírus.
Na segunda dose do imunizante, 21 dias após a primeira, outro adenovírus fará o mesmo papel, o D-5. No entanto, esse tende a ser um diferencial mais assertivo. Isso porque, de acordo com cientistas, a junção das diferentes fórmulas para a vacina pode ajudar a produzir anticorpos contra a doença, sendo responsável por maior eficácia contra o Sars-CoV-2. Contudo, ainda faltam dados científicos que comprovem a teoria.
Segundo informações da farmacêutica russa, as informações de eficácia são baseadas na análise das taxas de infecção entre 3,8 milhões de pessoas vacinadas com as 2 doses na Rússia entre o período de 5 de dezembro a 31 de março. Dessa forma, os dados se apresentaram superiores aos apresentados de forma preliminar na revista The Lancet.
A vacina recebeu o certificado de registro do Ministério da Saúde da Rússia no dia 11 de agosto de 2020 e, segundo regulamentos emergenciais adotados durante o período de pandemia da Covid-19, pôde ser utilizada para imunizar a população russa.
Entre os habitantes que se voluntariaram para receber as 2 doses da Sputnik V, 98,5% eram brancos, 1,5% eram asiáticos e menos de 0,1% eram de outras etnias que não foram especificadas.
Dessa forma, muitos cientistas consideram de extrema importância a realização da fase 3 do teste para a Sputnik V no Brasil antes de sua aprovação para uso emergencial. Contudo, a Anvisa assegura que não há obrigação para que vacinas ou medicamentos registrados no Brasil tenham estudos clínicos conduzidos no país.
Entre os principais efeitos colaterais da Sputnik V que foram relatados estão o desconforto no local da aplicação da vacina, dores de cabeça, cansaço e sintomas gripais leves.
Da mesma forma, o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central, formado pelo Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins, divulgou a compra de 30 milhões de doses da vacina, enquanto o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras, representando 2,5 mil municípios, apresentou intenção de compra de 30 milhões de doses.
A decisão foi tomada baseada no levantamento de dados que foram avaliados por equipes técnicas das Gerências-Gerais de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED), de Inspeção e Fiscalização Sanitária (GGFIS) e de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON).
Inclusive, existe a ausência, ou insuficiência de dados de controle de qualidade, segurança e eficácia. Entre as informações mais preocupantes com relação à avaliação dos dados disponíveis até o momento, é que as células em que os adenovírus são produzidos para desenvolvimento da vacina permitem sua replicação.
Dessa maneira, o aspecto foge aos padrões de qualidade que são recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e também pelo Conselho Internacional para Harmonização de Requisitos Técnicos de Medicamentos para Uso Humano, seguidos das principais agências reguladoras do mundo, assim como a Anvisa.
Verificou-se ainda a ausência dos testes de toxicidade reprodutiva, responsáveis por permitir a verificação do produto, sendo ele prejudicial ou não às células reprodutivas. Durante a análise, a GGMON reforçou aspectos que foram apresentados pela GGMED, chamando atenção para o desconhecimento de efeitos adversos de curto, médio e longo prazo, decorrentes da utilização da Sputnik V.
Essa foi a forma que permitiu a avaliação das condições de fabricação das empresas que estão envolvidas na produção do insumo farmacológico biológico usado para a vacina, e da própria Sputnik V.
O pedido para importar o imunizante é feito de forma diferente, pelos estados, de forma independente e não de forma nacional pela empresa União Química. A solicitação da União Química está com prazo de análise suspenso e depende de informações completas do laboratório, segundo a Anvisa.