Para o catolicismo, o período de privações existe desde o ano 350 d.C., quando a igreja aumentou o tempo de preparação para a Páscoa, data que marca a ressurreição de Jesus Cristo, que antes era de três dias. A mudança ocorreu devido ao curto período para a preparação para uma das datas mais importantes do calendário religioso.
- A Quaresma é o tempo de preparação para a Páscoa, que é a festa principal de todo o cristianismo, onde celebramos a paixão, morte e ressureição do senhor. O que nos dá a certeza da vida nova, daquilo que o cristianismo promete e descreve. A Páscoa é a garantia disso, por isso essa festa é preparada e é um tempo de penitência, um tempo de recolhimento, um tempo de revisão de vida, um tempo de mudança daquelas coisas que devem melhorar na nossa vida. Esse é o significado desse tempo de Quaresma - explica o Arcebispo Metropolitano de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck.
Para a publicitária Malo Borges, o período de recolhimento citato pelo arcebispo é uma forma de firmar a conexão com a fé e retribuir com agradecimento pelas bençãos recebidas.
- Eu comecei a fazer privações da Quaresma ano passado, nunca tinha feito e fui incentivada por uma amiga. Esse ano eu abri mão de duas coisas, pedindo pela saúde da minha mãe que acabou de tirar um câncer e vai iniciar a quimioterapia. É importante pra mim porque é a forma de eu me conectar com o que eu acredito. A gente pede o tempo todo, mas nunca para pra abrir mão das coisas e agradecer - conta.
Crença dos 40 dias
Na crença católica, os 40 dias remetem ao período vivido por Jesus no deserto, onde teria sido tentado por Satanás. Para os fiéis, o período da Quaresma é de intensificar orações e caridades.
- Esse "40" tem um significado dentro da literatura bíblica. Foram 40 dias que Jesus passou no deserto em jejum e penitência, foram 40 dias da arca de Noé, então é um tempo de preparação, um tempo de jejum, um tempo de recolhimento - lembra o arcebispo.
Mensagem do Papa para a Quaresma
Na mensagem publicada pelo Vaticano no dia 24 de fevereiro sobre a Quaresma de 2022, o Papa Francisco, líder mundial da Igreja Católica, reforçou a importância de fazer o bem.
- A Quaresma é um tempo favorável de renovação pessoal e comunitária que nos conduz à Páscoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado. Aproveitemos o caminho quaresmal de 2022 para refletir sobre a exortação de São Paulo aos Gálatas: "Não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo (kairós), pratiquemos o bem para com todos - diz um trecho da mensagem.
Em outro momento o texto apresenta a importância da oração e reforça sobre as dificuldades enfrentadas no mundo por causa da pandemia da Covid-19.
- Não nos cansemos de rezar. Jesus ensinou que é necessário "orar sempre, sem desfalecer". Precisamos de rezar, porque necessitamos de Deus. A ilusão de nos bastar a nós mesmos é perigosa. Se a pandemia nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos subsistir. No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte. A fé não nos preserva das tribulações da vida, mas permite atravessá-las unidos a Deus em Cristo, com a grande esperança que não desilude e cujo penhor é o amor que Deus derramou nos nossos corações por meio do Espírito Santo - diz.
No período em que Rússia e Ucrânia estão em conflito, nas redes sociais de Francisco, o líder pediu esperança de reconciliação para a paz entre os países.
