Agricultura - 20/04/2022 13:36

SC recupera safra da cebola e do alho com trégua da estiagem, mas mantém alerta com custos

No ciclo agrícola anterior, a falta de chuvas em períodos críticos havia derrubado os números no campo
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Produção da cebola subiu 27%, para cerca de 495 mil toneladas neste último ciclo(Foto: Jonatan Jumes / Epagri / Divulgação)
Santa Catarina conseguiu recuperar as produções de cebola e alho na última safra das duas culturas, iniciada no inverno do ano passado. O Estado é líder nacional no que se refere ao plantio da primeira delas e o terceiro maior produtor do país em relação à segunda hortaliça.
A cebola, cujas lavouras se concentram no Alto Vale do Itajaí, subiu 27,2%, para cerca de 496 mil toneladas neste último ciclo. Já a do alho saltou 31%, ultrapassando a marca de 19,1 mil toneladas na colheita — ela se destaca nas regiões de Curitibanos, Frei Rogério e Lebon Régis, municípios serranos do Estado.
Os resultados foram divulgados pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri), que estimou em R$ 914,58 milhões o valor bruto arrecadado pelos produtores catarinenses da cebola no período e em R$ 143,76 milhões o faturamento no caso do alho. No ciclo agrícola anterior, a falta de chuvas havia derrubado os números no campo, que agora voltaram ao seu patamar histórico, na casa do bilhão.
Na safra de 2021/22, também foi registrada estiagem em Santa Catarina, em especial no Oeste. A chuva, porém, foi o bastante ao menos para momentos críticos das produções de alho e cebola, nos quais a necessidade de água foi mais urgente para o desenvolvimento da cultura.
Também houve oferta de água para a irrigação das lavouras quando necessário, o que é viável nas produções da cebola e do alho devido ao perfil das propriedades e à densidade econômica delas — ou seja, a relação de ganhos por área plantada. Isso não ocorre, por exemplo, com as culturas de grãos, como a soja e o milho, que se estendem por grandes áreas e mantiveram perdas na última safra, ainda conforme avaliou Jurandi Gugel, analista de socioeconomia da Epagri.

Alta nos custos e más condições do tempo
A trégua da estiagem ainda permitiu a colheita de hortaliças mais saudáveis, o que agregou valor a elas. A qualidade também permitiu uma armazenagem por maior período, o que deu ao produtor melhores condições para negociar os produtos — a cebola foi colhida a partir de novembro do ano passado e deve ser escoada até o próximo mês de maio.
Neste período, os produtores catarinenses também puderem contar com quedas históricas nas importações de cebola e de alho, o que deu fôlego à produção nacional. Isso foi motivado pelo câmbio desfavorável, com o real mais desvalorizado em relação ao dólar, e pelo aumento nos custos do transporte internacional, com escassez de contêineres desde o início da pandemia, segundo a Epagri.
No entanto, esse cenário também intensificou os custos para a produção de Santa Catarina, que depende de insumos estrangeiros. No caso do alho, foram necessários R$ 7,80 de custeio em média para cada quilo colhido na safra de 2021/22 — no ciclo anterior, eram R$ 6,60.

Fatores internacionais pressionam os preços
Esse alerta se mantém para a safra que será iniciada neste próximo inverno. Em 2022, há ainda um novo fator pressionando os preços dos fertilizantes, por exemplo: a guerra na Ucrânia, que impõe dificuldades de exportação e sanções econômicas entre os países.
— Em relação à próxima safra, a gente vive uma incógnita muito grande, porque há um aumento do custo de produção puxado por adubos, fertilizantes e agrotóxicos. Não sabemos exatamente a repercussão disso nas lavouras, se o pessoal vai manter o nível tecnológico da safra anterior e se o tamanho da área será o mesmo — disse Jurandi Gugel.
Segundo o analista, a questão climática também mantém questões em aberto para a próxima safra de cebola e alho. Ele afirmou que a Epagri trabalha com períodos de previsão de até 90 dias, e que mesmo isso tem sido um desafio nos últimos anos devido à imprevisibilidade de eventos extremos, como a falta de chuvas, em meio às mudanças climáticas.
No fim de março, o Fórum Climático Catarinense, do qual a Epagri faz parte, havia previsto um outono de pouca chuva no Estado. Nesta primeira metade de abril, ainda haveria pancadas frequentes, mas mal distribuídas. Passado esse período, a expectativa era de tempo seco ao menos até o final de junho.
A falta de chuvas é motivada, principalmente, pelo La Niña, fenômeno que já impacta o Estado desde o ano passado. Ele gera um efeito em cadeia no clima de impactos globais, com chuvas torrenciais em algumas partes do mundo e períodos de seca em outras, como é o caso de Santa Catarina.

Fonte: DC
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