ECONOMIA - 08/06/2022 22:13

Mercado de veículos novos cresce 23% em maio, mês com maior número de vendas no ano

Mesmo com aceleração no último mês, setor segue com queda no acumulado do ano ante o mesmo período de 2021
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Após início de ano fraco, o comércio de veículos novos avançou no Rio Grande do Sul. O mercado de automóveis e comerciais leves zero-quilômetro apresentou o maior número de vendas do ano em maio no Estado. No quinto mês do ano, o setor registrou 7,8 mil emplacamentos, avanço de 23,6% ante abril. Os dados são da Fenabrave/Sincodiv-RS, entidade que representa concessionárias e distribuidoras. Crescimento sobre base fraca, aumento de produção e maior apetite dos compradores após gastos fixos de início de ano são alguns dos fatores que explicam a aceleração em maio, segundo especialistas. Mesmo com a alta mais expressiva no último mês, o segmento segue com recuo no acumulado do ano.

O presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS, Paulo Siqueira, afirma que o aumento na oferta de automóveis tem participação importante no avanço nas vendas em maio. Dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), divulgados nesta semana, mostram que a produção de veículos cresceu 6,8% em maio na comparação com o mesmo mês de 2021 no país. Ante abril, o salto foi de 10,7%. 

— Quanto maior a disponibilidade, maior é a possibilidade de registrar crescimento nos emplacamentos — pontua Siqueira.

O professor Antônio Jorge Martins, coordenador de cursos na área automotiva da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que a retomada de maio também está ligada ao momento de consumo no país. Os primeiros meses do ano costumam contar com gastos fixos, como impostos e despesas com educação. Esse fator sazonal e o impacto da inflação persistente e do juro alto na renda represaram parte das compras de veículos na arrancada do ano, segundo o professor da FGV. Martins destaca que esse movimento foi atenuado em maio. 

— Nos primeiros meses do ano, tivemos uma queda acentuada nas vendas, mas em algum momento tem que ter o retorno para um patamar razoável de mercado. E é isso que está acontecendo, com volume de vendas aumentando em maio. (...) A vontade de comprar um veículo novo acaba se manifestando em algum momento — explica o coordenador de cursos na área automotiva da FGV. 

Olhando o acumulado do ano, a venda de automóveis e comerciais leves novos apresenta retração no Estado, com queda de 20,7%. O presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS afirma que o volume deste ano é comparado com uma base mais forte do ano passado, que registrou aumento expressivos nas vendas diante de um represamento causado pela pandemia de coronavírus. A falta de componentes eletrônicos, que segue pressionando a produção, também entra nesse processo.

Em linhas gerais, o desempenho do Estado nas vendas de veículos novos acompanha a média nacional. Tanto no crescimento em maio quanto na queda no acumulado do ano. 

O coordenador de cursos na área automotiva da FGV afirma que os números menores em relação ao ano passado também são influenciados pelo efeito do combo formado por inflação e juros em alta no orçamento das famílias.

O economista Raphael Galante, diretor da Oikonomia Consultoria Automotiva, afirma que o avanço nas vendas em maio ocorre muito em função de um crescimento sobre uma base fraca de meses anteriores. A maior demanda por parte das locadoras também ajudou a atenuar os números de maio no país, segundo o especialista. 

— Isso é uma questão de tendência, porque a base estava muito ruim. Não tem nada no sentido de “nossa, o que está acontecendo?”. Se você crescer alguma coisa sobre uma base fraca, fica mais fácil. 

Mercado de seminovos também reagiu

O segmento de veículos seminovos e usados também apresentou melhora em maio. A venda de automóveis e comerciais leves nessa modalidade avançou 22% no Estado na comparação com abril, conforme dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). O presidente da Fenauto, Enilson Sales, atribui essa melhora à acomodação do mercado diante de alguns problemas, como inflação e juros altos, que tiveram mais impacto no início do ano: 

— A curva da inflação dando uma atenuada alivia um pouco a confiança do consumidor. Com isso, as lojas ajustaram seus preços de venda, o que influenciou na procura e na oferta — pontua Sales.
No acumulado do ano, o setor de seminovos e usados também amarga recuo.

Meta é repetir resultados de maio

O coordenador de cursos na área automotiva da FGV afirma que é difícil estimar o futuro do setor automotivo no país nos próximos meses. Martins destaca que essa incerteza ocorre diante de um cenário que conta com necessidade de vender mais diante da renda comprometida no lado dos consumidores: 

— Como conciliar crescimento com baixo poder aquisitivo e necessidade de gerar lucro? Como acomodar essa situação? Esse é ponto crítico que hoje afeta esse mercado. 

Diante de problemas como dificuldade de acesso ao crédito e inflação que impacta nos gastos, professor da FGV destaca que alcançar o nível de vendas registrado no ano passado já “estaria de bom tamanho”. 

Sem estimar o cenário dos próximos meses, o presidente da Fenabrave/Sincodiv-RS afirma que o setor de veículos novos precisa atingir volumes no mesmo patamar registrado em maio para igualar nível do ano passado. Siqueira reforça que essa meta é importante, porque a indústria automotiva tem participação expressiva dentro do Produto Interno Bruto (PIB) do país: 

— Isso vai ser benéfico não só para os consumidores, mas também para toda a população, porque o setor automotivo tem importância na economia do Brasil.

No âmbito dos seminovos e usados, o presidente da Fenauto afirma que existe espaço para fechar o ano em patamar igual ou próximo ao registrado do ano passado. Aspectos sazonais do segundo semestre, inflação em desaceleração e desemprego em queda ajudam a compor esse cenário, segundo Sales. 

— O segundo semestre sempre se apresenta muito melhor do que o primeiro semestre. Isso historicamente. Por isso só, já dá para perceber que a gente vai cobrir ou pelo menos melhorar o resultado dos dois primeiros meses do ano.

Fonte: Gaúcha ZH
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