Primeiro delator da Lava-Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa morreu neste sábado (13), no Rio de Janeiro, segundo informações da Folha de S.Paulo. Ele tinha 68 anos e sofria de câncer.
Engenheiro mecânico de formação, Costa foi diretor de Abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012 e virou pivô do escândalo da estatal em 2014. Foi condenado a mais de 70 anos de reclusão, mas deixou a cadeia em razão de um acordo de colaboração.
Inicialmente, as investigações da operação em Curitiba estavam apontadas para o doleiro Alberto Youssef. Como lembra a Folha, a Polícia Federal descobriu que o doleiro havia comprado uma Land Rover para Costa, constatação que levou a Petrobras para o centro das investigações.Uma das declarações que marcou sua delação foi a de que chegou em um estágio na carreira em que competência técnica não era o suficiente para progredir, mas que para chegar a um nível de diretoria era necessário ter "um apadrinhamento político".
Nas revelações que fez, Costa afirmou, segundo a Folha, que um cartel de empreiteiras foi formado para fazer negócios com a Petrobras e que o sistema era mantido com pagamento de propina a executivos da estatal e a partidos políticos.A Polícia Federal identificou nas contas de Costa vários depósitos da Petrobras, um deles no valor de R$ 220 mil. A estatal nunca informou por qual motivo repassou o dinheiro ao ex-diretor de Abastecimento. As quebras de sigilo apontavam também que Costa repassava os maiores valores para contas próprias ou de seus familiares. A mulher, filhas e genros de Costa também foram investigados e fizeram delações.
A época do acordo, o ex-executivo autorizou a repatriação de US$ 25,8 milhões que mantinha depositados na Suíça e em Cayman, além de entregar uma lancha, imóveis e uma Range Rover, avaliada em R$ 300 mil, que ele ganhou do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava-Jato.
Em 2015, em entrevista a Folha, Costa disse: "Virei um leproso. Esse ano de prisão foi um ano de lepra. As pessoas fugiam de mim e continuam fugindo". Também disse que sem sua delação a Lavar-Jato não teria existido.