Meio Ambiente - 23/09/2022 15:06 (atualizado em 23/09/2022 15:11)

Mortes de animais por acidentes na BR-282 acende alerta em SC

Ambos os casos foram registrados no Extremo-Oeste do Estado
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Em cinco dias dois animais silvestres foram atropelados e morreram na BR-282, em Paraíso. – Foto: Jackson Preuss/Reprodução/

Os atropelamentos de animais silvestres na BR-282 tem chamado atenção, pois muitas das vítimas são de espécies ameaçadas de extinção. Um gato-maracajá foi atropelado no domingo (18) e um tamanduá-mirim na quinta-feira (22), ambos no Extremo-Oeste de Santa Catarina.

O biólogo Jackson Preuss divulgou duas fotos nesta semana que mostram os animais vítimas de atropelamento. Ele fala sobre a preocupação com o alto índice de atropelamento de felinos na região. O índice preocupa, pois boa parte dos animais sofrem com riscos de extinção, o caso do gato-maracajá, ou gato-do-mato.

O 1º tenente Alcenir Luis Minuscoli, 2° Pelotão da Polícia Militar Ambiental em São Miguel do Oeste, conta que recebeu um chamado no domingo, referente ao atropelamento de um gato-maracajá. Quando a guarnição chegou ao local o animal já estava morto.

“Estamos repassando orientação, por meio da mídia, para que a população tome cuidados redobrados nas rodovias a fim de evitar esses fatídicos. Infelizmente não temos corregedores ecológicos em nossa região”, explica o tenente.

Denúncia

Em caso de atropelamento de algum animal, a orientação da Polícia Militar Ambiental é de que é para acionar a PM. A partir disso, a Polícia Militar Ambiental faz o resgate do animal e encaminha ele para tratamento veterinário, em caso de sobreviventes.

O tenente explica que caso alguém atropelar é para avisar a polícia, pois se intende que não é proposital. “O crime só é configurado quando houver a intenção, no caso de o condutor realmente querer atropelar, quando tinha a intenção de ceifar a vida do animal, senão não haverá crime”

Nos casos configurados como proposital, com caracterização de dolo, a pessoa responde por crimes de maus-tratos e também a infração administrativa de maus-tratos. “Não temos casos neste sentido na nossa região, trata-se simplesmente de um acidente”, comenta.

Os riscos

A destruição do habitat dos animais, crescimento dos espaços urbanos e a caça são os principais fatores de risco para esses animais, o fato faz com que os animais mudem e se locomovam utilizando as rodovias. A passagem das espécies pelas vias é visco com muita preocupação pelo biólogo e pela Polícia Militar Ambiental.

Minuscoli explica não haver sinalização quanto aos cuidados com os animais silvestres que, eventualmente, atravessam a via, ele ressalta que existem outros fatores de risco. “Geralmente o pessoal respeita o limite de velocidade, mas um fator que prejudica é a visibilidade e a neblina na nossa região”.

Ações de preservação

O IMA (Instituto de Meio Ambiente) de Santa Catarina, ao ser procurado pela reportagem do ND+ respondeu que nem o IMA, nem o Ibama, podem interferir no habitat do animal solto na natureza. “Por isso existem as reservas ecológicas onde eles ficam mais protegidos e menos suscetíveis a ação do homem e da vida urbana”.

O Estado conta com 10 Unidades de Conservação, a mais próxima de Paraíso é o Parque Estadual das Araucárias, localiza-se nos municípios de São Domingos e Galvão, na Bacia do Rio Chapecó. O Parque Estadual Fritz Plaumann, também localizado no Oeste de Santa Catarina, é situada em Concórdia.

Os locais mais comuns de atropelamentos são nas rodovias federais, em especial a BR-282, em função disso o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) foi procurado para falar sobre ações na via de proteção aos animais. Porém, até o momento da publicação da matéria, a equipe de reportagem do ND+ não recebeu resposta.

Projeto de educação ambiental

O biólogo Jackson, motivado pelos atropelamentos, propôs um projeto de educação ambiental. Ele pede que quem tiver espaços de terra nas margens da BR-282 e na BR-163, se puder ceder espaços, para a instalação de placas de conscientização.

Jackson pede esses espaços, pois é necessário respeitar um limite que pertence ao DNIT. “Estamos buscando os pontos para começar a desenvolver um projeto de educação ambiental voltado a conscientização sobre as principais espécies da nossa região e também sobre o risco de atropelar esses animais”.

Para quem quiser contribuir com o projeto, basta entrar em contato com o biólogo pelas redes sociais.

Gato-maracajá

O gato-maracajá tem uma pequena população. De acordo com estimativas divulgadas pela National Geographic Brasil, existem entre 4,7 mil e 20 mil indivíduos na natureza no país. Conforme pesquisas, a tendência é de queda.

Jackson explica que é uma espécie que vive da costa mexicana até os países da Argentina e do Uruguai. O animal pode ser encontrado em quase todo o Brasil, com exceção do Ceará.

Tamanduá-mirim

O tamanduá, conforme explica o biólogo, não corre risco de extinção em Santa Catarina, porém a diminuição de sua população causa graves impactos no ecossistema. Ele é fundamental, pois se alimenta de cupins e formigas e faz um trabalho de controle nesse sentido.

O animal, de médio porte, pode pesar de 5 a 10 kg. Entre as características, chama a atenção a coloração dos pelos que é dourada com um “colete” de pelos pretos nas costas, por esse motivo pode ser conhecido também como Tamanduá-de-colete.

São alvos fáceis de caçadores por serem lentos, porém, em nenhum aspecto são negativos aos humanos e desempenham papéis ecológicos fundamentais. Atropelamentos, destruição de habitats e ataques de animais domésticos contribuem ainda mais para a redução das populações de tamanduás, em especial no Rio Grande do Sul.

Fonte: ND+
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