ECONOMIA - 13/01/2023 07:22 (atualizado em 13/01/2023 07:26)

Haddad anuncia data para retorno do imposto federal para combustível

Medida faz parte das ações anunciadas pelo ministro da Fazenda para melhorar as contas públicas do governo federal
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, nesta quinta-feira (12), uma série de medidas fiscais para que o governo federal registre superávit primário em 2023. Entre eles, o titular da pasta anunciou que aguarda o retorno do imposto federal para os combustíveis.

De acordo com a Agência Brasil, o governo prevê que entrarão nos cofre públicos R$ 28,88 bilhões do fim da alíquota zero do PIS (Programa Integração Social)/Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre a gasolina e o etanol a partir de março.

Além disso, entrarão R$ 4,4 bilhões de reversão da desoneração de Pis/Cofins sobre receitas financeiras de grandes empresa, decidida pelo ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão, no fim de 2022. A partir de abril, os tributos voltarão às alíquotas antigas.

Medidas para melhorar contas públicas

As medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda envolvem reversão de desonerações, mudanças no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) e uma nova renegociação especial de dívidas chamada Litígio Zero.

De acordo com o Ministério da Econômica, as mudanças poderão fazer o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar, no cenário mais otimista, superávit primário de R$ 11,13 bilhões em 2023, contra previsão de déficit de R$ 231,55 bilhões estabelecido no Orçamento Geral da União deste ano.

De acordo com o ministro, a previsão, no cenário mais realista, é que o déficit primário feche o ano em pouco menos de 1% do PIB  (Produto Interno Bruto), entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões.

O pacote inclui envolvem medidas e reestimativas de receitas que elevarão a arrecadação em até R$ 196,68 bilhões e reduzirão as despesas em até R$ 50 bilhões.

Elevação de receitas

Do lado das receitas, o governo prevê que entrarão R$ 36,4 bilhões a mais no caixa em relação ao originalmente previsto no Orçamento de 2023.

Além disso, haverá R$ 73 bilhões em receitas extraordinárias, como as mudanças que pretendem acelerar processos no Carf e desempatar votos em favor do governo (R$ 35 bilhões), incentivo para denúncias espontâneas de sonegação (R$ 15 bilhões) e a utilização de recursos parados em um antigo fundo do PIS/Pasep (R$ 23 bilhões), que havia sido autorizada pela Emenda Constitucional da Transição.

O governo também promoverá uma série de medidas para aumentar a arrecadação de forma permanente, que deverá render R$ 83,28 bilhões somente neste ano. Entre as medidas, estão o fim de desonerações no PIS e na Cofins, além da mudança no aproveitamento dos créditos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que era incorporado no PIS/Cofins.

Créditos do ICMS

Sobre o ICMS, em 2017, o STF (Supremo Tribunal Federal) havia excluído o imposto da base de cálculo do PIS/Cofins, mas definiu o alcance da medida só no fim de 2021.
No entanto, perdurou uma polêmica sobre se o cálculo dos créditos tributários de PIS/Cofins deveria incluir ou retirar o ICMS.

Os créditos tributários representam tributos pagos a mais ao longo da cadeia produtiva que podem ser devolvidos às empresas ou usados para abater o pagamento de outros tributos.

O governo definiu que os créditos de PIS/Cofins não serão calculados sobre o ICMS, apenas sobre a base de cálculo determinada pelo STF. Isso resultará em mais arrecadação para a União.

Redução de gastos

Do lado das despesas, a medida prevê a redução de gastos em R$ 50 bilhões. Desse total, R$ 25 bilhões virão da revisão permanente de contratos e programas, que será executada pelo Ministério do Planejamento, e R$ 25 bilhões virão de empenhos (autorização de execução) abaixo do autorizado no Orçamento de 2023.

Carf

Em relação ao Carf, órgão que julga recursos administrativos de contribuintes que devem à Receita Federal, a mudança mais importante ocorrerá no sistema de votação.

O governo retomará o voto de desempate da Fazenda, já recomendada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), no julgamento de conflitos tributários.

Com a medida, as chances de a Receita ganhar os processos aumentam, melhorando o caixa do governo.

O governo também introduzirá o Programa Litígio Zero, que funcionará no molde dos tradicionais Refis e prevê a renegociação em condições especiais de dívidas com a União.

As pessoas físicas, micro e pequenas empresas com dívidas abaixo de 60 salários mínimos poderão obter descontos de 40% a 50% sobre o valor total do débito, com prazo de até 12 meses para pagar.

Para empresas que devem mais de 60 salários mínimos, haverá um desconto de 100% sobre multas e os juros e a possibilidade de usar prejuízos de anos anteriores para abater de 52% a 70% do débito. Segundo o Ministério da Fazenda, isso incidirá apenas sobre dívidas consideradas irrecuperáveis e de difícil recuperação.

Também haverá o fim dos recursos de ofício dentro do Carf para valores abaixo de R$ 15 milhões. Nesses casos, quando o contribuinte vencer em primeira instância, a Receita Federal deixará de recorrer, encerrando o litígio.

De acordo com o Ministério da Fazenda, a medida extinguirá quase 1 mil processos no Carf, no valor total de R$ 6 bilhões, e ajudará a desafogar o órgão para o julgamento de grandes dívidas.

Fonte: ND+
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