A estudante Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, acusada de desviar quase R$ 1 milhão dos fundos da comissão de formatura, trancou o curso da Faculdade de Medica da Universidade de São Paulo. De acordo com a instituição, a jovem - ex-presidente da comissão - deixou de frequentar a faculdade em 24 de janeiro.
Em 30 de janeiro, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre e indiciou Alicia por apropriação indébita. A delegada Zuleika Gonzalez Araujo, do 16º Distrito Policial, responsável pela investigação, também pediu a prisão preventiva da aluna.
Entretanto, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) se posicionou contra ao pedido e à conclusão do inquérito. Para o promotor de Justiça Fabiano Pavan Severiano, a estudante cometeu crime de estelionato, não de apropriação indébita.
"Diferentemente do que ocorre em relação à apropriação indébita, no estelionato a lei exige representação criminal dos ofendidos para oferecimento de denúncia contra a autora dos fatos", informou o MP-SP.
Além do desvio do dinheiro da comissão de formatura, Alicia também é investigada por estelionato e lavagem de dinheiro contra uma casa lotérica, na zona sul da capital, pelo Deic (Delegacia Especializada em Investigações Criminais) de São Bernardo do Campo.
Caso do golpe da formatura
Os estudantes afirmaram que foram vítimas de um golpe de Alicia, presidente da comissão de formatura. Eles relataram que pagaram ao longo de quatro anos de curso a realização da festa, porém o dinheiro desapareceu. Agora, as vítimas não possuem verba para a comemoração.Em um grupo de WhatsApp, no sábado (6), a jovem confessou aos colegas que retirou o dinheiro da ÁS Formatura para investir, com o auxílio de uma empresa especializada. Entretanto, segundo ela, a investidora desapareceu com cerca de R$ 800 mil, e o valor restante do fundo da formatura foi gasto com um advogado, na tentativa de reaver o dinheiro.
De acordo com a SSP, um dos estudantes lesados registrou um boletim de ocorrência na terça-feira (10), no 14° Distrito Policial de Pinheiros. O caso está sendo investigado pelo 16º DP (Vila Clementino), que instaurou inquérito para apurar o crime de apropriação indébita.
A diretoria da Faculdade de Medicina também confirmou, em publicação de nota, que os alunos que participariam da formatura da turma 106ª foram vítimas de fraude. "Os fatos estão sendo apurados e busca-se identificar os responsáveis pela fraude. A diretoria está apoiando com orientação aos alunos envolvidos."
Questionada sobre a retirada de todo o dinheiro por Alicia, a ÁS Formatura afirmou que "todas as transferências foram realizadas rigorosamente conforme estabelecido nas cláusulas contratuais". A empresa também disse está "em contato com a comissão de formatura para buscar algum tipo de solução que viabilize a realização do evento planejado".