Saúde - 31/03/2023 19:23

Mortes por tuberculose em SC quase dobram e tem pior número desde 2013

Dados da Vigilância Epidemiológica estadual mostram avanço desenfreado da doença
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As mortes por tuberculose em Santa Catarina quase que dobraram nos últimos 10 anos e atingiram uma piora histórica. Segundo dados da Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina), foram 58 mortes registradas em 2013 contra 115 em 2022.

O número não cresce apenas em Santa Catarina. A nível nacional, de acordo com dados do Ministério da Saúde, há em média 14 mortes por dia no Brasil entre 2020 e 2021.

Já em Santa Catarina esse aumento foi de 39% nos últimos 3 anos, de 2020 a 2022. Em 2022 115 pessoas morreram da doença, duas a mais que em 2021, com 113 mortes, e 32 a mais que 2021 que tinha 81.

Em 2022, foram notificados 1.898 casos novos de tuberculose, revelando uma incidência de 26,7 casos por 100 mil habitantes, segundo o SISAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

De acordo com a médica infectologista e diretora do Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, Renata Zomer, a tuberculose é uma doença negligenciada e um problema de saúde pública.

“Nunca deixou de existir, mas pouco se fala nela. Existe tratamento, todo fornecido pelo SUS, mas que o tempo é de, normalmente, 6 meses. Infelizmente, por ser um tratamento longo, ele é descontinuado por muitos pacientes e isso faz com que a doença ‘ganhe força’, se torne resistente, podendo levar o paciente a morte”, conta.

Zomer reforça que os dados são preocupantes, pois a tuberculose é uma doença de transmissão por via respiratória e com a chegada dos meses mais frios a transmissão tende a aumentar por ficarmos mais aglomerados e em locais fechados.

O que é a tuberculose?

A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria, também conhecida como bacilo de Koch. Segundo a SES, a doença afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas.

A transmissão acontece de pessoa para pessoa através do ar, pela fala, espirro e tosse da pessoa infectada. Já em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, aumenta as chances de contrair a doença.

População mais vulnerável

Populações vulneráveis são as pessoas privadas de liberdade, pessoas em situação de rua, indígenas e pessoas vivendo com HIV/Aids. Essas populações específicas apresentam maiores chances de desenvolver a doença que a população em geral. O que pode justificar são os fatores relacionados ao sistema imunológico de cada indivíduo e à exposição ao bacilo, já que o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado às condições precárias de vida.

Ao todo em Santa Catarina foram 490 casos de tuberculose nas pessoas com vulnerabilidades em 2022. Foram 128 casos nas Pessoas Privadas de liberdade, 72 casos em Pessoa em Situação de Rua, 284 casos em pessoas vivendo com HIV/AIDS e seis casos na população indígena.

Prevenção

A vacina BCG é uma maneira de proteção contra as formas graves de tuberculose e faz parte do calendário vacinal, devendo idealmente ser feita ao nascimento.
Além disso, como forma de prevenção e controle da doença, é sempre importante investigar os contatos mais próximos da pessoa que está em tratamento para que seja descoberta a infecção e/ou doença o mais rápido possível.

Tratamento para a tuberculose

O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses, é gratuito e está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).

“A tuberculose tem cura quando o tratamento é feito adequadamente, até o final. Logo nas primeiras semanas do tratamento, a pessoa se sente melhor e, por isso, precisa ser orientada pelo profissional de saúde a realizar o tratamento até o final, independentemente do desaparecimento dos sintomas”, enfatizou Lígia Castellon Gryninger, médica infectologista da DIVE/SC, em entrevista ao portal ND+ na última semana.

Uma combinação de medicamentos deve ser ingerida diariamente por um período de seis meses, na grande maioria dos casos. O tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de tuberculose resistente aos remédios.

Fonte: ND+
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