A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) repassou ao Comando-Geral da Polícia Militar do DF a responsabilidade de avaliação sobre a necessidade e as condições de transferência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres ao hospital psiquiátrico do Complexo Prisional da Papuda, no DF. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Seape responda questionamentos sobre as condições em que Torres se encontra e se considera conveniente a transferência.
"Ele (Anderson Torres) não se encontra sob a tutela do Sistema Penitenciário do Distrito Federal e sim no 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, sendo esta a instituição competente para prestação de qualquer auxílio a ele referente", informou o secretário da Seape, Wenderson Souza e Teles.
O ex-ministro está preso desde 14 de janeiro por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram destruídas. No dia dos ataques, Torres era secretário de Segurança do DF e não estava no Brasil, mesmo com a divulgação do planejamento dos ataques pelas pelas redes sociais. Ele está preso no Batalhão de Aviação Operacional (Bavop), no mesmo terreno do 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, em Brasília.
A reportagem acionou a PMDF sobre a possibilidade de transferência, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Diante do repasse, não há previsão para a transferência de Anderson Torres. Na última quarta-feira (26), a defesa do ex-ministro entrou com um novo pedido de revogação da prisão alegando piora significativa do quadro clínico. A manifestação se dá em razão da psiquiatra que acompanha o ex-ministro ter concluído que há "risco de suicídio".
"Em laudo confeccionado em 22/04/2023, registrou que, dentro desse contexto, vem aumentando o risco de tentativa de auto-extermínio. E apresentou sintomas de alteração emocional, em aparente crise de ansiedade, chorando de forma compulsiva, relatando enorme saudade de seus familiares, em especial de suas filhas, expondo palavras e ideias sem nexo, e expôs seu desânimo com a manutenção de sua vida", alega a defesa.
Em outros pedidos, Moraes negou a revogação da prisão, alegando que a organização, a participação, o financiamento e o apoio aos atos praticados em janeiro configuram gravíssimos crimes, e, por isso, todos os envolvidos devem ser responsabilizados.
Uma alternativa estudada pelo ministro, então, é a transferência para o hospital psiquiátrico. Segundo o magistrado, a manutenção da prisão preventiva é importante porque há depoimentos de testemunhas e apreensão de documentos que apontam fortes indícios da participação de Torres na elaboração de uma suposta minuta golpista e em uma operação da Polícia Rodoviária Federal para tentar atrapalhar a participação popular no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.