Laguna é a cidade catarinense que mais “perdeu” moradores em 12 anos: 8.777 habitantes entre o Censo de 2010 (51.562) e o de 2022 (42.785). Ocorre que, na verdade, a explicação está no mapa do município. O que antes era um bairro se emancipou: trata-se de Pescaria Brava, atualmente com 10.190 habitantes. Mesmo com o mudança no mapa, Laguna ganhou 1.413 moradores conforme os dado divulgados nesta quarta-feira (28) pelo IBGE.
O caso deve parar nos tribunais. O prefeito Samir Ahmad (Republicanos) afirma que seu governo busca mecanismos jurídicos para provar que Laguna tem ao menos 50 mil habitantes.
— Mesmo com a saída de Pescaria Brava, não temos como vislumbrar que o município perdeu tantos munícipes, temos ao menos 50 mil. Por isso, estamos buscando mecanismos jurídicos para provar isso. O governo federal reconhece que não vai poder baixar o repasse do orçamento aos municípios pelo menos nos próximos anos, para não impactar o orçamento dos municípios por uma ação do Censo que não condiz com a realidade. Então, estamos todos aqui, também com a Câmara dos Vereadores, nos mobilizando para poder buscar isso juridicamente — projeta o prefeito.
O chefe do Executivo Municipal diz ainda que Laguna tem aproximadamente 33 mil eleitores e número similar de veículos, o que, na visão do prefeito, representaria uma condição de cidade com 50 mil habitantes.— Outro ponto que é importante: temos 54 mil pessoas cadastradas no nosso sistema de saúde, que fazem uso regular do nosso sistema de saúde, com dados pessoais, endereço, tudo cadastrado. Por isso, nós discordamos desse número do Censo. Em todas as reuniões que temos feito, conversando com a população, recebemos relatos de que não houve visita do recenseador. Isso nos dá segurança de que esse número veio muito abaixo da realidade. Todas as comunidades de Laguna não param de crescer, exigindo cada vez mais dos serviços públicos — defende Samir.
Aumento na procura por imóveis em Laguna
Corretora imobiliária há pelo menos 20 anos em Laguna, Tânia Maria Nascimento diz que a procura por aluguel e compra de imóveis aumentou bastante nos últimos anos. Sem citar números, ela afirma que isso ocorre pela qualidade de vida na cidade.— Laguna é uma cidade veranista, recebe o pessoal da região da Amureal. A maioria tem imóveis aqui. Há dez anos, os hotéis tinham mais movimento, mas a cidade está agora maior. A praia do Mar Grosso está bem mais habitada. Mas, em questão de investimento público, estamos deixando a desejar — opina.
A experiência de Tânia nos negócios se confirma pelo relato de Selma Pogogelski, que trocou Florianópolis (cidade que registrou crescimento populacional, segundo o Censo), por Laguna há dois anos.— Saímos de Florianópolis por esse motivo de aumento de moradores, a cidade não tem estrutura para tantos moradores. No trânsito, horários de picos, era difícil transitar e com o aumento de moradores tudo começou a aumentar em redes de mercado e comércios em geral. Em Laguna a rede de mercado e comércio é mais em conta, trânsito não tem, e como temos duas crianças podemos falar que elas têm infância, brincam na rua, saem de bicicleta. Em Floripa elas viviam trancadas dentro de casa, pois nossa rua era uma bem movimentada, vários acidentes — resume Selma.