META DE INFLAÇÃO - 29/06/2023 18:54

Meta da inflação é mantida EM 3%, mas passará a ser contínua

Isso significa que terá um prazo determinado, e não mais seguirá o ano-calendário (de janeiro a dezembro)
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O ministro Fernando Haddad, que anunciou novo sistema de meta VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira (29) que o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu manter a meta de inflação de 3% em 2026 e adotar a meta contínua a partir de 2025.

Isso significa que terá um prazo determinado, como por exemplo, por 12 meses, e não mais seguirá o ano-calendário (de janeiro a dezembro).

A meta de 3% é a mesma já vigente para 2024 e 2025, com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.

Haddad fez o anúncio após participar de reunião do CMN, ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. 

"Eu anunciei ao CMN, porque isso é um ato de prerrogativa do presidente, uma mudança do regime em relação ao ano calendário, de maneira que, agora, conforme já tinha manifestado minha simpatia por uma mudança nesse padrão, nós adotaremos a meta contínua a partir de 2025", afirmou o ministro em entrevista coletiva à imprensa.

Segundo ele, a mudança a partir de 2025 foi definida porque será a data em que se iniciará o mandato do próximo presidente do Banco Central. Campos Neto permanecerá até o fim de 2024.

A nova dinâmica será estabelecida por decreto a ser publicado pela Presidência da República. De acordo com o ministro, o horizonte para cumprimento do objetivo na meta contínua será, na prática, de 24 meses. Os detalhes estarão especificados no decreto.

"Há uma grande expectativa na área econômica do governo que a partir de agosto tenhamos cortes consistentes da taxa de juros", disse.

Haddad disse ainda que a decisão de manter a meta em 3% se deve aos indicadores econômicos e que os índices de preços têm mostrado queda acentuada.

Os índices de preços no Brasil já estão convergindo para a meta de inflação vigente, afirmou o ministro. Ele também defendeu a posição de que, em agosto, o BC inicie o processo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

"A mudança no ano-calendário é fundamental para o futuro do país. O Brasil estará em sintonia com os demais países do mundo", disse Haddad.

Segundo o Banco Central, o sistema tem possibilitado que a inflação fique sob controle, em níveis relativamente baixos. Desde a adoção do regime em 1999, a inflação tem se situado dentro do intervalo de tolerância na maioria dos anos-calendário.

A inflação ficou fora do intervalo de tolerância em sete anos: 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022.

Regime contínuo

"Essa mudança sobre a meta contínua não tem um impacto direto na vida do brasileiro num primeiro momento. A única coisa é que aumenta o prazo de reavaliação da meta de inflação. Você tem uma avaliação anual atualmente e a meta contínua estende esse prazo para 18 meses, 24 meses ou 36 meses", explica o economista Hugo Garbe, professor de economia da Faculdade Mackenzie.

No regime contínuo, a meta tem duração permanente, num prazo que deverá ser definido de forma técnica pela autoridade monetária, e não pelo calendário anual, de janeiro a dezembro.

"É o horizonte relevante que muda. Na Europa e nos EUA, ninguém está discutindo com o BC para onde tem que ir a taxa de juros para que a meta de 2% seja atingida, o que se exige é uma trajetória", afirmou o ministro Fernando Haddad em conversa com jornalistas na noite anterior.

Haddad destou que tratou do tema "longamente" com o FMI (Fundo Monetário Internacional). "O próprio FMI dizia que era melhor, países chegaram à conclusão que era a meta melhor. Quase a totalidade dos economistas consideram que a mudança é desejável", disse Haddad.

"Na Europa e nos EUA, ninguém está discutindo com o BC para onde tem que ir a taxa de juros para que a meta de 2% seja atingida, o que se exige é uma trajetória" observou Haddad, acrescentando ainda que a reunião deverá validar acordo sobre o Plano Safra já anunciado.

O CMN é constituído pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e tem como um dos objetivos definir a meta de inflação com uma antecedência de 18 meses.

Fonte: Fonte: R7
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