O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira (29) que o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu manter a meta de inflação de 3% em 2026 e adotar a meta contínua a partir de 2025.
A meta de 3% é a mesma já vigente para 2024 e 2025, com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.
Haddad fez o anúncio após participar de reunião do CMN, ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
"Eu anunciei ao CMN, porque isso é um ato de prerrogativa do presidente, uma mudança do regime em relação ao ano calendário, de maneira que, agora, conforme já tinha manifestado minha simpatia por uma mudança nesse padrão, nós adotaremos a meta contínua a partir de 2025", afirmou o ministro em entrevista coletiva à imprensa.
A nova dinâmica será estabelecida por decreto a ser publicado pela Presidência da República. De acordo com o ministro, o horizonte para cumprimento do objetivo na meta contínua será, na prática, de 24 meses. Os detalhes estarão especificados no decreto.
Haddad disse ainda que a decisão de manter a meta em 3% se deve aos indicadores econômicos e que os índices de preços têm mostrado queda acentuada.
Os índices de preços no Brasil já estão convergindo para a meta de inflação vigente, afirmou o ministro. Ele também defendeu a posição de que, em agosto, o BC inicie o processo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
"A mudança no ano-calendário é fundamental para o futuro do país. O Brasil estará em sintonia com os demais países do mundo", disse Haddad.
A inflação ficou fora do intervalo de tolerância em sete anos: 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022.
"Essa mudança sobre a meta contínua não tem um impacto direto na vida do brasileiro num primeiro momento. A única coisa é que aumenta o prazo de reavaliação da meta de inflação. Você tem uma avaliação anual atualmente e a meta contínua estende esse prazo para 18 meses, 24 meses ou 36 meses", explica o economista Hugo Garbe, professor de economia da Faculdade Mackenzie.
"É o horizonte relevante que muda. Na Europa e nos EUA, ninguém está discutindo com o BC para onde tem que ir a taxa de juros para que a meta de 2% seja atingida, o que se exige é uma trajetória", afirmou o ministro Fernando Haddad em conversa com jornalistas na noite anterior.
"Na Europa e nos EUA, ninguém está discutindo com o BC para onde tem que ir a taxa de juros para que a meta de 2% seja atingida, o que se exige é uma trajetória" observou Haddad, acrescentando ainda que a reunião deverá validar acordo sobre o Plano Safra já anunciado.