Uma técnica que já conseguiu eliminar cânceres sanguíneos em pacientes terminais agora ganha novas perspectivas. Pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos, associaram a terapia CAR-T a uma vacina, abrindo a possibilidade de algo nunca realizado com sucesso até então: o tratamento de tumores sólidos por esse método.
Diferentemente dos métodos mais usados nos tratamentos de câncer, como quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, que são padronizadas, a o CAR-T é personalizado para cada paciente.
Posteriormente, essas células são recolocadas no corpo do paciente, onde reconhecem e matam quaisquer células cancerígenas que abriguem o antígeno-alvo em suas superfícies.
As células CAR-T têm indicação neste momento somente para linfomas, alguns casos de leucemia e mieloma múltiplo.
O uso da terapia CAR-T sempre esbarrou em alguns obstáculos, uma vez que é necessário identificar antígenos que estão na superfície desses tumores, mas não em células saudáveis, não obtiveram sucesso.
O estudo conduzido pelos cientistas do MIT, e publicado nesta quarta-feira (5) na revista científica Cell, mostra que as células CAR-T associadas a uma vacina que aumenta a resposta das células T modificadas pode ser eficaz no tratamento de tumores sólidos.
Os testes foram feitos em camundongos. A dificuldade continuou sendo encontrar os antígenos-alvo nas células tumorais. Mas, ainda naquelas em que eles estavam presentes em pequenas quantidades (50%), o tratamento conseguiu erradicar 25% dos tumores.
"Esse reforço da vacina parece conduzir um processo chamado disseminação do antígeno, no qual seu próprio sistema imunológico colabora com as células CAR-T modificadas para rejeitar tumores nos quais nem todas as células expressam o antígeno visado pelas células CAR-T", explica em comunicado um dos autores do estudo, o professor Darrell Irvine, dos departamentos de Engenharia Biológica e de Ciência e Engenharia de Materiais do MIT.
A equipe de Irvine está otimista com os resultados e espera expandir as pesquisas para outros tipos de tumores e também que sejam feitos testes em humanos.