Uma parte dos indígenas que estavam abrigados temporariamente no ginásio Ivo Silveira, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, já foram deslocados, na tarde desta quarta-feira (26) para a Aldeia Kondá. Eles estavam no ginásio desde o dia 16 de julho quando aconteceu um conflito armado entre os Kaingang.
Outros indígenas foram deslocados para uma aldeia no município de Curitiba, no Paraná. O transporte está sendo feito com um ônibus intermediado pela Secretaria de Assistência Social de Chapecó.
Adroaldo Antônio Fidelid, coordenador regional da Funai e membro da etnia Kaingang, destacou que a Funai está intermediando todo o processo de realocação desses indígenas e a expectativa é de que chegue a um ponto final o conflito.
“Mediamos o retorno da grande maioria para o retorno à Aldeia Kondá. Temos o número de 24 indígenas que estão indiretamente envolvidos no conflito e estão impossibilitados de retornar por uma questão de segurança. Eles serão realocados em outras comunidades da região e de outros Estados. Foram aceitos e acolhidos provisoriamente, garantindo a segurança física e cultural desses indígenas que estão se deslocando”, comentou.
Já outra parcela dos indígenas deve permanecer no ginásio Ivo Silveira provavelmente até a próxima segunda-feira (31) até que sejam definidos os locais onde serão realocados. “Tentamos da melhor maneira possível de resolver isso pela segurança de todos os indígenas”, afirmou Fidelid.
O diretor de segurança de Chapecó, Clóvis Ari Leuze, enfatizou que o trabalho de realocação das famílias foi intermediado pela Funai com apoio da Assistência Social de Chapecó com ônibus para o transporte.
“Temos mulheres, gestantes, crianças e idosos. É necessário ter uma melhor condição de vida para eles e quanto mais rápido forem realocados melhor. Os conflitos estão sendo tratados para que se resolvam com brevidade. Creio que até na próxima segunda-feira tudo esteja solucionado.
A Prefeitura de Chapecó havia dado o prazo até às 17h desta quarta-feira para que os abrigados deixassem o ginásio.
Segundo a Administração Municipal, as condições no local, mesmo com alimentação, colchões e cobertores, é insalubre e eles possuem lugar para voltar, então essa é a determinação. Durante os 10 dias que eles estiveram no ginásio, receberam da Prefeitura tudo que estava ao alcance para atender as demandas pessoais.
Como iniciou o conflito entre os indígenas?
O domingo (16) foi marcado por um conflito que resultou na morte de um indígena, incêndio de mais de 10 casas e sete carros, além de 11 pessoas feridas, de acordo com informações da Polícia Militar.
A equipe de reportagem do ND+ visitou a aldeia na segunda-feira logo após o conflito. Apesar da neblina densa, era possível visualizar cinzas onde antes haviam casas e destroços de carros queimados por toda parte, juntamente com alguns cães deixados para trás.
Os problemas na aldeia começaram devido ao resultado das eleições para cacique em maio de 2022. Desde então, de acordo com relatos dos indígenas, surgiram uma série de provocações entre os moradores.
Aproximadamente 300 índios, incluindo crianças, adolescentes e idosos, ficaram desabrigados. Alguns perderam suas casas incendiadas, enquanto outros precisaram deixar a aldeia por medo de novos conflitos.