A Transparência Internacional Brasil divulgou um relatório no qual revela que 95% dos entrevistados que atuam nas 100 maiores companhias brasileiras aprovam a lei e apenas 5% consideram a legislação negativa para o setor empresarial. Para o promotor e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, houve progresso, mas muitos setores ainda se recusam a implementar normas de compliance.
“A lei fala em compliance, em integridade, em todas as pessoas jurídicas, não é só nas empresas. As pessoas jurídicas de direito público, as instituições públicas, os partidos políticos, os clubes de futebol, as igrejas, todos estão sujeitos (…) Existe um longo caminho a percorrer em matéria de compliance. Compliance no mundo público, compliance no mundo do terceiro setor, compliance em relação a todas essas organizações.”
O que a gente vê também é que essa lei, ao prever que as empresas que têm mecanismos de prevenção estão sujeitas a multas e a penalidades inferiores, acabou servindo de incentivo para que as empresas criem estes sistemas de mitigação de risco. Isso não quer dizer que a lei não tenha suas questões e não haja a necessidade de aprimoramentos. É uma lei que precisa ser regulamentada por todos os Estados e municípios brasileiros, o que efetivamente ainda não aconteceu.”
Nós temos uma corrupção histórica no Brasil, um patrimonialismo enraizado e existe uma série de fatores obstrutivos a isso.” Em dez anos, a maior parte da aplicação da lei em processos de investigação e responsabilização ocorreu em nível federal.
É no nível municipal que a gente vê as maiores lacunas. É importante que os Estados percebam que a existência desses instrumentos de investigação é fundamental, não só para possibilitar que eventuais irregularidades sejam investigadas, mas também para incentivar que o ambiente corporativo dentro daqueles Estados e municípios evolua no sentido de reduzir riscos”, disse France.