O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acolheu pedido da Polícia Federal e autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A decisão vem no bojo da investigação sobre o suposto esquema de venda de joias presenteados ao ex-chefe do Executivo em razão de seu cargo.
Ao requerer a abertura de uma primeira fase ostensiva da investigação, a Polícia Federal apontou indícios de que o ex-presidente, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros dois assessores do ex-chefe de Bolsonaro "atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente para posteriormente serem vendidos no exterior".
Em um trecho da representação, a PF cita uma mensagem em que, na avaliação dos investigadores, Mauro Cid "deixa evidenciado o receio de utilizar o sistema bancário para repassar o dinheiro ao ex-presidente e então sugere entregar os recursos em espécie, por meio de seu pai".
A medida vem a público em um dia sensível para Bolsonaro. O ex-chefe do Executivo foi implicado diretamente pelo hacker Walter Delgatti Neto, que depôs na manhã desta quinta à CPMI dos atos de 8 de janeiro. Delgatti pôs o ex-presidente no centro de uma trama para invadir as urnas eletrônicas, indicando que Bolsonaro teria até lhe oferecido indulto para que hackeasse as urnas.