A baixa na comparação com junho reverte a sequência de dois meses consecutivos sem perdas do setor responsável por mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. O setor vinha de uma variação nula em junho (0%) e um avanço (0,3%) em maio.
O resultado da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) indica ainda que o setor ainda opera em nível 2,3% abaixo do patamar apurado em fevereiro de 2020, último mês sem os impactos da pandemia de Covid-19 na economia nacional, e 18,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em maio de 2011.
Para André Macedo, analista responsável pela pesquisa, o resultado negativo "acentua o movimento de perda de ritmo, especialmente quando comparado com junho e maio" e mostra um perfil disseminado das perdas, com três das quatro grandes categorias econômicas e 15 dos 25 ramos pesquisados apresentando recuo na produção.
As principais influências negativas no mês partiram das produções de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).
Macedo afirma que o resultado intensifica o recuo verificado no setor de veículos em junho (-3,4%). Para ele, o desconto na aquisição de carros zero-quilômetro, patrocinado pelo governo federal, não alterou o cenário nas fábricas. “O que a pesquisa captou pelos dados de junho e julho é que, em um primeiro momento, esse estímulo rebate nas vendas porque o setor já tinha um nível alto de estoque”, explica o pesquisador.
Já as atividades extrativas interrompem dois meses seguidos de crescimento, que totalizam 4,3% no período entre maio e junho de 2023. Essa queda, entretanto, não altera a trajetória de aumento. “É o setor de principal impacto positivo no resultado do acumulado do ano, com expansão de 7%”, destaca Macedo.
Em alta
Na contramão do resultado geral da indústria, os destaques positivos ficam por conta dos produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), que interrompe três meses consecutivos de queda na produção, com perda acumulada de 17,7%. “É um setor que historicamente tem um caráter mais volátil no que se refere à produção de mês a mês”, ressalta Macedo.
Outros dois ramos que se destacaram foram os de produtos alimentícios (0,9%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%). O setor de alimentos marca o primeiro resultado positivo desde dezembro de 2022 (4,4%), impulsionado pelo avanço da expansão de produção de açúcar, soja e carne bovina.