Após permanecer por um ano no maior patamar desde 2017, a taxa Selic caiu 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada no início de agosto. Agora, o mercado financeiro prevê novas quedas dos juros básicos. O BC (Banco Central), no entanto, diz estar atento à trajetória dos preços.
Na ata da reunião que efetivou o primeiro corte da taxa Selic em três anos, os diretores da autoridade monetária afirmam que o recente comportamento da inflação de serviços foi debatido "de forma profunda". "Notou-se que os indicadores desse segmento apontam para uma continuidade na trajetória de desinflação do período recente, a despeito de alguma oscilação em níveis ainda acima do patamar compatível com a meta", avalia o Copom.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulava alta de 3,16% nos 12 meses finalizados em junho. O valor corresponde a quase metade da variação apurada somente para o setor de serviços (6,21%) no mesmo período.
De acordo com Cruz, o movimento atrapalha o ritmo de desaceleração da inflação, o que motiva a preocupação com o futuro da taxa básica de juros. "A retirada das pressões do setor de serviços é um pouco mais lenta, o que vai deixar o Banco Central um pouco mais reticente sobre acelerar o corte dos juros", diz ele, que prevê uma retomada da discussão no fim deste ano.
Por outro lado, Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, afirma que o ápice da demanda no setor de serviços já ficou para trás e as pressões inflacionárias são cada vez menores e já estão presentes na análise recente do Copom. "A inexistência de surpresas, na verdade, mantém o plano de voo inicial do Banco Central", observa.
A discussão considera que a taxa Selic é a principal ferramenta da política monetária para determinar a inflação em uma economia. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.