Até o momento, para a categoria dos motoristas, que trabalham para empresas como Uber e 99, há um acordo para que a incidência da tributação previdenciária recaia sobre 25% do valor pago aos trabalhadores, de R$ 30/hora. No caso dos entregadores de mercadoria (em moto ou bicicleta), não há acordo, e o governo prepara uma proposta de arbitragem.
Além disso, os trabalhadores não concordam com o conceito da hora trabalhada e querem receber pela hora logada (a partir do momento em que é feito o acesso ao aplicativo). As empresas argumentam que só vão pagar pelo tempo gasto na entrega e podem oferecer apenas um adicional pelo tempo de espera. O governo já decidiu que, neste ponto na arbitragem, adotará o conceito da hora trabalhada efetivamente para a entrega.
Isso fará, consequentemente, que o valor da hora trabalhada aumente. Segundo fontes envolvidas na negociação, para se chegar a 25% de base de cálculo sobre o montante pago aos entregadores, o valor mínimo da hora trabalhada teria que chegar a R$ 30, o mesmo oferecido aos motoristas.
Ao longo dos últimos dias, o governo tem apresentado novas demandas para a regulamentação do trabalho de entregadores, como a fixação de jornadas máximas semanais equivalentes à da CLT de, no máximo, 44 horas. Em entrevista ao Estadão, o ministro Luiz Marinho (Trabalho) disse que as jornadas atuais fazem com que o trabalho por aplicativo seja considerado “análogo à escravidão”.
A palavra final sobre a regulamentação será dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que a regulamentação do trabalho por apps foi uma de suas promessas de campanha. A previsão é que ele bata o martelo até o fim deste mês.