
O rendimento médio mensal real dos catarinenses foi de R$ 2.544 por pessoa em 2024, atingindo o valor mais alto já registrado na série histórica, iniciada em 2012. Com isso, Santa Catarina ficou em terceiro lugar entre todas as unidades da federação, atrás do Distrito Federal (R$ 3.276) e de São Paulo (R$ 2.588). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada em maio pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O desempenho de Santa Catarina acompanha uma tendência nacional. No Brasil, o rendimento domiciliar per capita alcançou R$ 2.020 em 2024, o maior valor da série histórica, com alta de 4,7% em relação a 2023. Já em relação a 2012 (R$ 1.696), ano inicial da série, a elevação foi de 19,1%.
O número de brasileiros com algum tipo de rendimento também bateu recorde, chegando a 143,4 milhões. Já a população que recebe benefícios de programas sociais subiu de 18,6 milhões em 2023 para 20,1 milhões em 2024.
A Região Sul lidera o ranking de renda per capita, com média de R$ 2.499 nos três estados: Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Em seguida, vem o Sudeste (R$ 2.381) e Centro-Oeste (R$ 2.331). As regiões Norte (R$ 1.389) e Nordeste (R$ 1.319) permanecem com os menores valores.
De onde vem a renda
A pesquisa também mostra que, na região Sul, a maior parte da renda dos domicílios vem do trabalho: 76,7% do rendimento domiciliar per capita é proveniente de atividades laborais. A participação de aposentadorias e pensões é de 17,1%, enquanto os programas sociais do governo representam apenas 1,7% da renda, a menor proporção entre todas as regiões.
— Ao longo da série histórica da PNAD Contínua, o rendimento do trabalho tem respondido por aproximadamente três quartos do rendimento domiciliar. Entre 2023 e 2024, a parcela do rendimento de todos os trabalhos no rendimento domiciliar teve uma pequena variação positiva, o que reflete o dinamismo do mercado de trabalho no último ano, com a expansão do rendimento médio do trabalho, da população ocupada e, consequentemente, da massa de rendimentos do trabalho, que atingiu o maior valor da série histórica — explica Gustavo Fontes, analista do IBGE.
A região Sul também se destaca por ter uma das menores proporções de domicílios beneficiados por programas sociais, conforme a pesquisa. Em 2024, apenas 8,1% dos domicílios recebiam o Bolsa Família, e 3,2% contavam com o Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS). Por outro lado, o valor médio dos benefícios sociais na Região Sul (R$ 939) foi o mais alto do país, impulsionado por medidas emergenciais adotadas após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.
Desigualdade é desafio
O índice de Gini (que mede desigualdade social) do rendimento domiciliar per capita caiu para 0,506 no Brasil, o menor da série histórica, indicando uma leve melhora na distribuição de renda. A Região Sul, onde está Santa Catarina, manteve o menor índice do país (0,460), embora tenha registrado uma leve alta em relação a 2023.
Em 2024, no Brasil, o rendimento médio dos 40% da população com menor renda foi de R$ 601, o maior da série histórica. Já o rendimento médio do 1% mais rico foi de R$ 21.767.
— Entre 2023 e 2024, o aumento no rendimento per capita ocorreu com maior intensidade no limite inferior da distribuição, ou seja, nas classes de menor renda, enquanto no extremo superior das classes de renda, o crescimento do rendimento per capita ficou bem abaixo da média nacional — diz Gustavo Fontes.