A produção industrial brasileira variou 0,1% na passagem de agosto para setembro, após assinalar 0,2% no mês anterior e -0,3% em julho. A principal influência positiva no resultado desse mês veio da atividade de indústrias extrativas, com alta de 5,6%. Em relação a setembro de 2022, a indústria nacional apresentou alta de 0,6%. No ano, apresentou acumulado de -0,2% e, nos últimos 12 meses, variação nula (0,0%). Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (1) pelo IBGE.
“O resultado de setembro da produção industrial nacional marca o segundo mês seguido de crescimento, mas não altera o comportamento de menor dinamismo que a caracteriza nos últimos meses. Para além disso, no índice desse mês, observa-se predomínio de taxas negativas, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas e 20 dos 25 ramos industriais investigados”, destaca o gerente da pesquisa, André Macedo.
“Em linhas gerais, taxa de juros elevada, mesmo com o movimento de redução verificado nos últimos meses, nos ajuda a entender esse comportamento do setor industrial, com influência direta sobre as decisões de investimento, por parte das empresas, e de consumo, por parte das famílias. Para além disso, explica o crédito ainda caro e as elevadas taxas de inadimplência”, completa.
Entre as atividades, a influência positiva mais importante foi assinalada por indústrias extrativas, que avançaram 5,6% nesse mês, após acumular perda de 5,6% no período julho-agosto de 2023. Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de produtos químicos (1,5%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%).
Já entre as vinte atividades que apontaram redução na produção, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,7%), máquinas e equipamentos (-7,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,1%) exerceram os principais impactos em setembro de 2023, com a primeira interrompendo dois meses consecutivos de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 30,2%; e as duas últimas voltando a recuar após registrarem avanços no mês anterior: 4,9% e 5,7%, respectivamente.
Macedo pontua ainda que os 3 ramos que mais influenciaram negativamente o setor industrial nesse mês também exerceram impactos positivos relevantes em agosto último. E essa tem sido uma característica da produção ao longo do ano: quedas e avanços que se eliminam. “Isso também acontece com a indústria geral e fica bem caracterizado quando comparamos o patamar de setembro de 2023, que é o mesmo de maio desse ano, com o de dezembro de 2022: verifica-se um saldo positivo de somente 0,3%. Ou seja, passados 9 meses de 2023, a indústria só avançou 0,3% frente ao patamar que havia encerrado o ano de 2022”, esclarece.
Na comparação com igual mês do ano anterior, o setor industrial assinalou avanço de 0,6% em setembro de 2023, com resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 10 dos 25 ramos, 28 dos 80 grupos e 38,8% dos 789 produtos pesquisados. Vale citar que setembro de 2023 (20 dias) teve 1 dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (21).
Por outro lado, ainda na comparação com setembro de 2022, entre as quinze atividades que apontaram redução na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,8%) e máquinas e equipamentos (-12,4%) exerceram as maiores influências na formação da média da indústria. Outros impactos negativos importantes foram assinalados por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,0%), produtos químicos (-3,0%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,0%), couro, artigos para viagem e calçados (-13,4%), produtos de metal (-6,9%), produtos de minerais não metálicos (-6,6%), produtos diversos (-12,3%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,2%).