Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros, e publicado na revista científica Science na última semana, aponta que a maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica estão ameaçadas de extinção. Entre as espécies exclusivas do bioma, 82% têm algum grau de ameaça.
Entre as endêmicas, 82% apresentam algum grau de ameaça de extinção. Já incluindo todas as espécies, mesmo as que ocorrem em outros biomas além da Mata Atlântica, 65% estão ameaçadas de alguma forma.
Entre essas espécies se destacam por exemplo o Pau-Brasil, que foi classificado como "criticamente em perigo" porque perdeu 84% da população selvagem. Já Araucária, Palmito-juçara e a Erva-mate tiveram declínio de pelo menos 50%, então são consideradas "em perigo".
"O que entra no cálculo são as populações nativas que estão na mata mesmo. É lá que a IUCN reconhece que todos os processos ecológicos e todos os processos evolutivos necessários para manter a espécie a longo prazo ocorrem e estão sendo mantidos, para garantir que a espécie vai se manter na natureza por si só", explicou.
Categorias de risco
"O desmatamento gera perda de floresta. Perda de floresta gera perda de árvores. Então, se houve uma perda de mais de 30% nos últimos três tempos de geração da espécie, por exemplo, vamos dizer que a espécie tem um tempo de geração de 20 anos. Então, se nos últimos 60 anos a espécie perdeu mais de 30%, ela está vulnerável à extinção", explicou.
Vulnerável - perda de 30% a 50%
Em perigo - perda de 50% a 80%
Além da perda de população, outros três critérios foram usados: distribuição geográfica restrita; populações pequenas em declínio; populações muito pequenas.
Como resolver esse problema?
"Muitas dessas áreas estão em propriedades privadas. Então, várias pessoas têm nos seus fragmentos, nas suas fazendas, os últimos estoques dos indivíduos de árvores ameaçadas da mata atlântica. Então, não desmatar esses fragmentos é essencial, senão a gente perde mais indivíduos e a situação piora", argumentou.
Outra medida essencial é conservar os fragmentos que ainda sobraram das espécies em extinção. "Melhorar as condições deles para que essas espécies possam se manter a longo prazo nessas áreas", explicou.
"É possível reverter sim, mas como em geral a gente vê que a Mata Atlântica continua sendo desmatada, continua sendo perturbada, o prognóstico não é muito bom. A gente teria que realmente parar e tomar providências mais drásticas do que tem sido tomadas atualmente."