Nos primeiros quatro meses de 2024, a dengue já matou 121
pessoas em Santa Catarina. O número é superior aos 98 óbitos registrados ao
longo de todo o ano anterior. As cidades que mais tiveram vítimas da
doença são Itajaí e Joinville, com 23 cada uma.
O diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive),
João Augusto Brancher Fuck, explica que o número de óbitos acompanha o elevado
número de casos prováveis da doença. Em SC, são mais de 180 mil. Isso aconteceu
por conta da antecipação do período de transmissão das
arboviroses, o que inclui a dengue.
Fuck destaca, inclusive, que as cidades com maiores números
de casos prováveis são também as que registram mais mortes. Itajaí e Joinville,
por exemplo, lideram ambos os rankings, tendo, cada uma, mais de 9,5 mil casos
prováveis por 100 mil habitantes.
— Inicialmente o melhor indicador de severidade da dengue
deve levar em conta o número absoluto de mortes em conjunto com o número total
de casos. Assim sendo, se tivemos um aumento de 387% de casos nos primeiros
três meses de 2024, é esperado um aumento do número absoluto de óbitos —
reforça o médico infectologista do Hospital Dona Helena, de Joinville, Luiz
Henrique Melo.
Evolução da doença até o óbito
A dengue se manifesta em diversos níveis, assim como outras
doenças. Por isso, o grau de risco para prioridade no atendimento e na
internação se baseia na classificação de risco: grupos A, B, C e D, conforme
recomendações do Ministério da Saúde.
O médico infectologista explica que existem sintomas que são
chamados sinais de alarme, como dor abdominal intensa e contínua, vômitos
persistentes, acúmulo de líquidos, pressão baixa, desmaio, sangramentos,
alteração de comportamento, que se presentes, devem levar o paciente a procurar
atendimento médico.
— A morte por uma doença depende da agressividade do
vírus, mas também da capacidade de defesa do paciente, bem como da capacidade
do sistema de saúde em atender a toda a demanda de caos. Pacientes mais
vulneráveis, como crianças e pessoas acima de 60 anos, têm maior risco de
complicações. As comorbidades tornam o doente mais vulnerável tanto à
complicações da dengue como também à descompensação da comorbidade. Ambas
influenciam na mortalidade — destaca Melo.
Já Fuck também ressalta que é importante evitar a
automedicação já que alguns medicamentos podem contribuir para
uma evolução desfavorável do quadro. São eles, por exemplo, Ácido
Acetilsalis, o famoso AAS, corticoides, ibuprofeno, nimesulida e diclofenaco.
— Lembrando que hoje, quando a gente analisa os óbitos do
Estado, estamos falando que boa parte desses óbitos são pessoas com mais de 60
anos de idade, muitas vezes que já tem comorbidade, ou seja, já tem algum
problema de saúde. Embora também vemos óbitos em pacientes jovens, sem nenhum
problema prévio. Então, a orientação para buscar o serviço de saúde é talvez
uma das principais nesse momento — indica o diretor da Dive.
Previsão para os próximos meses
De acordo com Fuck, o estado já atingiu o pico de
transmissão e, agora, a curva começa a mostrar estabilidade e queda nas
próximas semanas. Ainda assim, a dengue segue exigindo atenção, já que apesar
da estabilidade, ainda há um acentuado número de casos.
O médico infectologista também ressalta que, historicamente,
o número de casos diminui a partir de maio e junho
— Mas o controle dos mosquitos e a vacinação são estratégias de impacto para o controle da doença — destaca Melo.