O volume equivale a quase metade do reservatório da usina de Itaipu, segunda maior hidrelétrica geradora de energia do mundo, que tem 29 trilhões de litros de água e praticamente o triplo do tamanho do Guaíba (1.350 km² ante 496 km²).
" A comparação com Itaipu dá ideia da dimensão do evento. Mesmo excepcional, (essas chuvas de abril/maio) alteram o entendimento do comportamento da bacia do Guaíba em anos de El Niño forte", afirma Fernando Meirelles, pesquisador do IPH, citando o evento climático que agravou as chuvas na Região Sul.
Em tempos normais, os 14,2 trilhões de litros levariam 18 semanas para passar pelo Guaíba. A velocidade com que a água corre pelo lago – a chamada vazão – disparou. O que era 1,3 milhão de litros por segundo chegou perto dos 30 milhões de litros por segundo.
E de onde veio essa água toda?
O Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) aferiu a queda de 12,7 trilhões de litros d'água oriundos das chuvas sobre os rios citados entre 28 de abril e 6 de maio. O cálculo foi feito com base em uma sistema que une monitoramentos de pluviômetros, radares e satélites meteorológicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
"A quantidade de água que o lago recebeu nesses dias, para se ter uma ideia, é como se tivesse caído em três dias o que ele recebe em um mês inteiro. A inundação em Porto Alegre e Canoas é consequência de toda esta água", diz Laercio Namikawa, que é pesquisador do setor ligado a desastres naturais do Inpe.
A diferença entre os números ocorre porque:
Já o modelo hidrológico utilizado pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas para estimar os 14,2 trilhões leva em conta, além da água da chuva, a chamada “vazão de base”, o volume constante que flui por um curso hídrico, e variáveis como temperatura do ar, vento, sol e pressão atmosférica para calcular quanto de água chega a uma bacia.
O que pode acontecer com mais chuva no RS?
Na quarta-feira (8) o Guaíba baixou pela primeira vez dos 5 metros, segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). No entanto, o risco é a frente fria que deve chegar ao sul do país.
Caso o lago não seja afetado por novas cheias, a previsão é de que ele leve ao menos 30 dias para voltar ao nível abaixo dos 3 metros.