O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgou dados apontando que nos últimos cinco anos, cerca de 300 mil brasileiros foram acompanhados e tratados para evitar a perda total de visão em razão do glaucoma, considerada a doença que mais causa cegueira irreversível do mundo. A pesquisa feita pela associação é em virtude do Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, celebrado neste domingo (26).
De acordo com o CBO, as estimativas apontam que mais de 1,7 milhão de pessoas devem ter glaucoma no Brasil. Assumindo uma estimativa conservadora, 2% da população acima de 40 anos podem apresentar a doença. Na projeção, foram utilizados dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2022, onde a faixa etária acima de 40 anos concentra 85,9 milhões de pessoas.
O CBO afirma que entre janeiro de 2019 e dezembro de 2023, o atendimento oferecido por oftalmologistas na rede pública beneficiou esse grupo de pacientes.
"O acesso e tratamentos medicamentosos foram gratuitos. Esse fluxo revela o impacto positivo da assistência oftalmológica no SUS [Sistema Único de Saúde], reduzindo significativamente as chances de pacientes com essa doença desenvolverem quadros graves, com perda de visão irreversível", afirmou o CBO.
O que é glaucoma?
O glaucoma é uma doença provocada pela aumento da pressão interna do olho e alteração irregular no fluxo de sangue dentro do órgão. Por isso, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de controlar o avanço da doença e evitar a perda da visão.Segundo o Ministério da Saúde, obter diagnóstico precoce é essencial para que o glaucoma não evolua para cegueira.
Doença atinge mais pessoas pretas
Segundo estudos a prevalência do glaucoma é maior em pessoas negras e mulatas. A pesquisa mostrou que 3,8%¨de pessoas pretas são acometidas com a doença. A taxa de brancos com glaucoma é menor, representando 2,1%.
Fatores como histórico familiar da doença, ser negro ou asiático, ter miopia, apresentar pressão intraocular elevada ou outras doenças oculares aumentam as chances de a pessoa desenvolver glaucoma em algum momento de sua vida.
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Faixa etária mais afetadaA maioria dos pacientes submetidos a tratamentos medicamentosos, de acordo com os dados levantados pelo conselho, está na faixa etária acima dos 40 anos, que acumula mais de 96% dos casos.
Outro ponto que chama atenção é que o acesso a medicamentos para glaucoma beneficia mais a população feminina: do total de entregas, quase 70% são para mulheres.
DiagnósticoO conselho alerta que a detecção precoce do glaucoma, por meio de exames oftalmológicos regulares, é essencial para identificar e tratar a doença antes que ocorra perda visual.
Cientistas encontram presença de microplásticos em testículos humanosMedidas preventivas e de acompanhamento médico, como monitoramento da pressão intraocular, uso de medicamentos adequados e tratamentos a laser ou cirúrgicos podem ajudar a controlar a progressão da doença e proteger a visão a longo prazo.
Tratamento"Como política de combate à cegueira causada pelo glaucoma, o Brasil, por recomendação do CBO, instituiu, desde 2008, por meio da Portaria 288 do Ministério da Saúde, o Programa de Atenção ao Paciente Portador de Glaucoma, que fornece gratuitamente pelo SUS colírios de primeira, segunda e terceira linhas para o tratamento do glaucoma”, destacou o conselho.
A aplicação de colírios ajuda a estabilizar a pressão intraocular e, como consequência, controlar a doença e evitar a cegueira.
Entre 2019 e 2023, tratamentos clínicos do glaucoma beneficiaram, em média, 280 mil pacientes de todas as regiões brasileiras a cada ano.O Nordeste acumula o maior volume de procedimentos no período avaliado, com uma média anual de 141,6 mil pessoas atendidas. Na sequência aparecem, com as seguintes médias: Sudeste, com 109,3 mil casos; Sul, com 19 mil; Norte, com 9,2 mil; e Centro-Oeste, com pouco mais de 1 mil pacientes atendidos a cada ano.