A campanha de vacinação da gripe terminou no dia 31 de maio com menos da metade do público-alvo de Santa Catarina vacinado (44,28%). Os baixos índices de imunização, com a chegada do inverno, acendem alerta para a saúde do Estado e preocupam especialistas sobre o avanço da doença.
Em Santa Catarina, o grupo com menor adesão à vacinação em SC foi o de puérperas e mães até 45 dias após o parto (24%); seguido pelas gestantes (29%); crianças até 5 anos (37%); idosos (48%) e povos indígenas (54%).
O índice de vacinação do Estado é, até 9 de junho, o pior dos últimos cinco anos. Entretanto, os dados de 2024 ainda podem sofrer alterações, pois mesmo com o fim da campanha, o imunizante contra a gripe está disponível para toda população a partir dos seis meses.
De acordo com João Augusto Brancher Fuck, diretor da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), a baixa adesão da vacinação contra a gripe em Santa Catarina é uma tendência que se repete nos últimos anos.
— No passado a gente teve também uma adesão muito baixa. Já tinha sido uma das campanhas com pouca adesão da população em geral. Esse ano acabou se repetindo — explica o diretor.
Índice de vacinação contra a gripe nos últimos 5 anos em SC
2020: 95,79%
2021: 70,6%
2022: 63,24%
2023: 53,51%
2024: 44,77% (dados ainda podem sofrer alterações)
O que explica a baixa adesão da população?
O diretor da Dive fala que não há um único motivo que explique a tendência dos baixos índices de vacinação contra a gripe. Entretanto, ele acredita que a união de notícias falsas junto com a falta de importância de doenças, como a gripe, podem influenciar as pessoas a não se vacinarem contra o vírus.— A gente teve muita informação falsa sendo divulgada, especialmente com a vacina da Covid-19, mas isso acabou refletindo nas demais vacinas. As pessoas acabam ficando receosas porque acham que a vacina vai causar algum efeito colateral ou que vai levar ao óbito.[…] “Todo ano tem gripe”. “A gente está acostumado”. “Peguei, melhorei”. Acho que as pessoas não dão importância à vacinação achando que realmente vai ser uma doença leve e que não vai causar problemas — fala.
A falta de cobertura vacinal contra a gripe impacta na saúde dos catarinenses e no sistema de saúde do Estado. Segundo o diretor da Dive, com o aumento de casos surge a demanda de hospitalização e o risco de aparecimento de casos graves da doença.
— A gente viu uma antecipação da sazonalidade de transmissão esse ano, tanto é que a gente começou a campanha de vacinação mais cedo, no final do mês de março. Sabemos que, quando a gente tem uma baixa na temperatura, é justamente o período que temos maior intensidade de transmissão dos vírus respiratórios que já estão alta. É importante lembrar que a transmissão pode aumentar ainda mais — salienta.
De janeiro a maio deste ano foram confirmados 729 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por influenza no Estado. O número é pouco menos que o dobro do registrado no mesmo período de 2023, quando foram confirmados 403 casos.
Deste total de 729, mais da metade dos casos ocorreu em crianças de 0 a 9 anos (303) e em idosos com 60 anos ou mais (243). Com relação às mortes foram 38 de janeiro a maio de 2024, sendo que 76% foram de idosos.
Vacinação continua disponível
Em virtude da baixa procura pelas doses, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) reforça que, mesmo com o fim da Campanha, a vacina contra a gripe continua disponível em todos os municípios catarinenses até o fim dos estoques. Isso porque esses índices de vacinação trazem preocupação para a SES, que tem registrado um aumento do número de internações e mortes causadas pelo agravamento de doenças respiratórias, entre elas a influenza (gripe).— O período de maior transmissão talvez ainda esteja por vir. Se as pessoas se vacinarem e se protegerem, o risco de aumentar a demanda no serviço de saúde pode ser reduzido — explica João.
A Campanha de Vacinação contra a Gripe começou no dia 25 de março em todo o estado de Santa Catarina apenas para a população dos grupos prioritários. No entanto, em decorrência da baixa adesão, no dia 3 de maio, a vacinação foi ampliada para toda a população acima de 6 meses de idade. A vacina é gratuita e está disponível em todos os municípios.
Grupos prioritários na vacinação contra gripe
Crianças de 6 meses a menores de 6 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias);Trabalhadores da saúde;
Gestantes e puérperas (mães até 45 após o parto);
Professores do ensino básico e superior;
Povos indígenas e quilombolas;
Idosos com 60 anos ou mais de idade;
Pessoas em situação de rua;
Profissionais das Forças de Segurança e Salvamento;
Profissionais das Forças Armadas;
Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais independentemente da idade;
Pessoas com deficiência permanente;
Caminhoneiros;
Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário para passageiros urbanos e de longo curso;
Trabalhadores Portuários;
População privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas.