Novos desdobramentos dos casos de assédio envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foram divulgados nesta sexta-feira (13). Depoimento de vítima relata que Almeida fazia “elogios” inconvenientes e até sussurrava fantasias eróticas.
Em depoimento acessado pela revista Veja, Anielle Franco, do MIR (Ministério da Igualdade Racial), afirma que sofria constrangimentos e assédio sexual de Silvio Almeida desde que assumiu o órgão, em 2023.
Conforme publicado pela revista, a ministra contou que Almeida costumava fazer investidas de conotação sexual, com “elogios” impróprios e também sussurrando fantasias eróticas no ouvido dela.
Já nas mensagens enviadas à ministra por Almeida, ele diz que ela é “uma mulher extraordinária” e que “não estava bêbado” quando os dois conversaram no dia anterior no avião da Presidência da República.
“Quero ser seu parceiro, a pessoa em que você pode confiar. Reafirmo que só temos a ganhar nos unindo e, mais do que isso, demonstrando essa unidade em palavras e ações”, diz Silvio Almeida em uma das mensagens acessadas pela revista Veja.
Silvio Almeida marcou jantar para ‘afinar os ponteiros’
A troca de mensagens revela também que os dois combinaram um jantar, que Silvio se refere como uma oportunidade para “afinar os ponteiros”. Já para Anielle, o encontro serviria para tentar mudar a conduta do colega e evitar um possível escândalo.
Durante a conversa, conforme publicado pela revista, o ex-ministro lamentou ter passado do ponto com a colega. No entanto, na saída do restaurante, ele teria sussurrado uma fantasia sexual.
Anielle afirmou em depoimento aos titulares de outros ministérios que nunca relatou os episódios por receio de ser desacreditada e de que se tornasse um escândalo. No entanto, o caso já havia chegado ao conhecimento de outros ministros e até mesmo do presidente.
Em depoimento detalhado sobre o caso, ela declarou que era assediada “há vários meses”, relatou episódios em que o então ministro se dirigia a ela com palavras de “lascívia” e descreveu cenas em que teve os ombros e as costas apalpadas de forma inapropriada.
A ministra também disse que ficou “desconcertada” quando Almeida tocou suas partes íntimas por baixo da mesa, durante uma reunião de trabalho.
Ex-ministro chegou a assinar lei de combate ao assédio
Menos de 100 dias após o início do governo atual, Silvio Almeida chegou a assinar a Lei 14.540, que obriga testemunhas a denunciarem assédios ao governo. O agora ex-ministro foi demitido na última sexta-feira (6), acusado de assédio sexual.
A legislação institui um programa federal para capacitação de servidores públicos e combate ao assédio em autarquias e órgãos governamentais. O texto exige que qualquer pessoa que testemunhe ou tenha conhecimento de casos de assédio sexual faça uma denúncia formal.
Após o escândalo, Almeida negou as acusações, afirmando que são “falsas” e que pedirá uma investigação minuciosa sobre o caso. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim”, declarou.