POLÍTICA - 03/12/2024 05:42

Cassinos, bingos e jogo do bicho: Senado vota projeto que legaliza jogos de azar nesta semana

Originalmente apresentado em 1991, o projeto sofreu diversas alterações até chegar no texto atual, conhecido como 'Lei dos Cassinos'
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A legalização de diversas modalidades de jogos de azar, incluindo bingos, apostas em cavalos e cassinos e a regulamentação do jogo do bicho entram em pauta no Senado Federal na próxima quarta-feira (4). O pacote, conhecido como “Lei dos Cassinos”, dá fim à proibição estabelecida por uma lei de 1946, revoga partes da Lei de Contravenções Penais e pode trazer milhões de reais aos cofres públicos via tributação.

Em junho, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou a proposta em meio a resistências e adiamentos. Segundo o relator, senador Irajá (PSD-TO), a pausa estratégica foi necessária para angariar apoio suficiente antes da votação no plenário.

O texto original do projeto foi apresentado em 1991, quando o então deputado Renato Vianna, na época do PMDB (hoje MDB), o apresentou com foco na legalização do jogo do bicho. Desde então, sofreu diversas alterações, expandindo-se para o que hoje é chamado de “Marco Regulatório dos Jogos no Brasil”.

A Câmara dos Deputados aprovou o pacote em 2022 e, desde então, tramita no Senado. Caso seja aprovada nesta quarta-feira (4), ele seguirá para sanção ou veto presidencial. A votação dos senadores também pode ser adiada.

Se aprovada, a regulamentação trará regras detalhadas para cada modalidade de jogo de azar:

Cassinos

- Só poderão funcionar em complexos integrados de lazer, como resorts, ou em embarcações;
- Esses locais devem atender a exigências como capital social mínimo de R$ 100 milhões, acomodações de alto padrão e licenças de operação de 30 anos, renováveis;
- A distribuição de licenças será limitada e baseada na população e no território de cada estado.

Bingos

- Bingos permanentes poderão operar em casas exclusivas ou estádios de futebol com mais de 15 mil lugares, com licenças de 25 anos renováveis;
- As salas precisarão ter ao menos 1.500 m² e poderão instalar até 400 máquinas de vídeo-bingo.

Corridas de cavalos

- Já são parcialmente regulamentadas no Brasil, mas teriam suas regras modernizadas e adaptadas para melhorar a transparência e eficiência;
- O projeto prevê a criação de um sistema de apostas centralizado e a fiscalização rigorosa das corridas e das apostas;
- As empresas precisarão obter um credenciamento prévio junto ao Ministério da Agricultura para corridas de cavalos e, dentro de um ano, solicitar autorização para operar apostas ao Ministério da Fazenda.

Jogo do bicho

- A abertura de casas de jogo do bicho dependerá de cauções financeiras para credenciamento, sendo permitida uma licença a cada 700 mil habitantes por estado;
- A licença terá duração de 25 anos e será concedida exclusivamente a empresas que comprovarem possuir recursos suficientes para cumprir suas obrigações financeiras;
- O capital mínimo das empresas de jogo do bicho deverá ser de R$ 10 milhões.

Tributação está no centro da questão

A tributação é um ponto importante da discussão. O projeto prevê que ganhos acima de R$ 10 mil serão taxados em 20% via Imposto de Renda, enquanto as casas de apostas pagarão taxas trimestrais que variam de R$ 20 mil a R$ 600 mil, dependendo do tipo de jogo.

Além disso, haverá a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) com alíquota de 17%. O Ministério da Fazenda será responsável por fiscalizar, licenciar e autorizar as operações.

Histórico da proibição dos jogos de azar no Brasil

Na década de 1930 e início dos anos 1940, o Brasil viveu uma era de ouro dos cassinos e tinha no jogo do bicho uma das atividades mais populares.

Em 30 de abril de 1946, o então presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra, distribuiu o Decreto-Lei 9.215 de 1946 , em nome da “tradição moral jurídica e religiosa” e proibiu jogos de azar no país, incluindo cassinos, bingos, apostas em corridas e jogo do bicho. Esse decreto foi justificado pelo governo como uma medida moral e de ordem pública.

Desde a proibição, várias tentativas de legalizar e regulamentar os jogos de azar foram feitas. Argumentos pró-legalização incluem a potencial arrecadação de impostos e a criação de empregos, enquanto os opositores citam preocupações com vícios, lavagem de dinheiro e outros problemas sociais.

Fonte: ND+
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