Menos famílias brasileiras em 2024 fecharam o ano endividadas pela segunda vez consecutiva. Esse é o indicativo da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que apresentou queda de 0,9 ponto percentual em dezembro na comparação com dezembro do ano anterior, saindo de 77,6% para 76,7%.
Os dados, divulgados em Chapecó pelo Sindicato do Comércio (Sicom), revelam, no entanto, que a inadimplência aumentou no último mês de 2024, com 29,3% das famílias com dívidas em atraso ante os 28,8% do dezembro anterior.
Aquelas que não conseguem quitar o que devem chegaram ao patamar de 13%, o maior da série histórica.
A redução do endividamento pode ser atribuída à maior cautela dos brasileiros diante do cenário econômico, devido à elevação da taxa Selic e da inflação, o que dificulta o acesso e aumenta o custo do crédito, explica Almeri Dedonatto, diretor executivo do Sicom.
O executivo acrescenta que a pesquisa registrou o menor nível de comprometimento médio da renda desde 2019, em 29,8% do total dos ganhos familiares. Já o prazo médio para a quitação subiu para 7,4 meses, o que demonstra a busca por melhores condições de pagamento.
Projeções para 2025
As famílias com renda de até três salários mínimos, de acordo com a pesquisa da CNC, são as mais afetadas pelo endividamento e pela inadimplência.
O estudo mostra que 80,5% apresentaram dívidas em 2024, com mais dependência do crédito para manter o padrão de consumo. Já a proporção dos núcleos familiares que destinam mais de 50% da renda ao pagamento de dívidas caiu para 20,6%, ante 20,7% em 2023.
O estudo concluiu que a inadimplência deve ser observada com cautela em 2025, dado que o Brasil possui renda per
capita baixa e os juros cobrados ao consumidor são elevados.
"A conjuntura econômica instável, marcada por juros altos e inflação persistente, exige atenção para a gestão das finanças pessoais", diz o relatório da Confederação do Comércio.