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Um equipamento que em Santa Catarina existe apenas no
aeroporto de Florianópolis pode ajudar a Defesa Civil do Estado a melhorar o
trabalho de previsão do tempo — e, por consequência, ser mais eficiente nos
alertas à população para chuvas intensas e temporais. A informação foi
divulgada pela própria instituição, que planeja instalar ao menos três
sondadores atmosféricos em diferentes regiões catarinenses.
Esses sensores sobem até 20 quilômetros e captam informações
da atmosfera sobre temperatura, umidade e quantidade de água no trecho onde se
formam os fenômenos meteorológicos. Os dados são de grande relevância pois
junto com outros, como os dos radares, das estações meteorológicas e os vindos
do monitoramento de descargas elétricas, trazem mais precisão às previsões do
tempo.
O assunto tem ganhado espaço desde as chuvas que castigaram
cidades do Litoral no mês passado. Nenhum modelo meteorológico conseguiu prever
a quantidade de precipitação que cairia — em alguns pontos foram mais de 400
milímetros, o dobro do esperado para todo janeiro —, o que levantou o debate
sobre a necessidade de melhorias no serviço.
Ainda que o próprio governador tenha negado falhas, a Defesa
Civil reconhece que é preciso avançar. O modelo usado atualmente para “ler o
tempo” veio de um projeto desenvolvido entre 2017 e 2019, o Sifap, que “possui
uma deficiência para gerar previsões em prazos mais curtos devido à falta de
informações de alguns tipos de sensores”, detalhou a equipe técnica da Defesa
Civil.
Agora, então, é preciso entrar na segunda fase do projeto,
que vai atualizar o sistema para que ele incorpore os dados de todos os
equipamentos disponíveis, algo que ainda não ocorre. “O resultado esperado é
obter a melhor previsão disponível para o Estado. Atualmente esse tipo de
previsão não é feita no Brasil, justamente por não se ter em nenhum lugar a
infraestrutura instalada como a que se tem em Santa Catarina”, explicou o órgão
ao ser questionado pelo NSC Total.
Nessa conta falta a instalação dos sondadores, já que eles
são uma das fontes de dados mais importantes para a modelagem numérica de
previsão de tempo, acrescentou ainda o órgão em nota. A princípio serão três
locais estratégicos que receberão os equipamentos em um estilo melhor em
comparação ao do aeroporto, já que a intenção é que a cobertura seja em um raio
maior, e não tão localizado como é na capital.
Onde os sondadores serão instalados e quando a integração de
fato sairá do papel ainda é uma incerteza. A Defesa Civil disse apenas que o
projeto está em construção e que será contratado até o próximo ano. O recurso,
ao menos, está garantido, revelou ainda a secretaria.