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Um estudo desenvolvido pelo Instituto Gonzalo Muniz, braço
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na Bahia, aponta que as atuais políticas
públicas em curso no Brasil não serão suficientes para que o país atinja as
metas fixadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) voltadas para a
eliminação da tuberculose. As informações são da Agência Brasil.
Segundo o estudo, o Brasil está no caminho contrário: a
tendência atual é de um aumento na incidência da doença no país.
A pesquisa foi feita a partir de análises baseadas em dados
de registros da doença no período que vai de janeiro de 2018 a dezembro de
2023. Os resultados foram reunidos em um artigo publicado na última edição da
revista científica The Lancet Regional Health: Americas.
Conclusões do estudo
Nesta sexta-feira (7), o portal da Fiocruz publicou uma nota
com as principais conclusões do estudo. Em 2023, o Brasil registrou 39,8 casos
de tuberculose por 100 mil habitantes. As projeções do estudo indicam que, até
2030, a incidência será 42,1 casos por 100 mil pessoas.
A expectativa da OMS é reduzir a incidência em 50% no ano de
2025 e 80% em 2030, em comparação com as taxas de 2015. Se o Brasil estivesse
na direção que a OMS deseja, deveria ter chegado em 2023 com 6,7 casos por 100
mil habitantes.
Os pesquisadores não questionam o valor das políticas
públicas atuais, mas apontam a necessidade de se criar estratégias integradas e
elencam desafios que devem ser enfrentados.
Entre esses desafios está o acesso limitado à saúde, a não
adesão ao tratamento e a limitação de recursos para ações inovadoras no
controle da doença na última década. Também são mencionados os impactos da
pandemia da Covid-19.
No artigo, os pesquisadores também ressaltam a necessidade
de aprimorar os programas de controle da tuberculose em ambientes prisionais,
por meio da melhoria da triagem e acesso ao tratamento preventivo da
tuberculose (TPT). Outra recomendação envolve a melhora da cogestão de casos de
coinfecção com HIV e diabetes, com aumento de testes e início do tratamento.
Tuberculose em Santa
Catarina
Em 2024, o maior número de casos de tuberculose foi
registrado em agosto, quando a SES recebeu 226 notificações da doença em Santa
Catarina. Já no mês de junho, 215 catarinenses foram diagnosticados, seguido
por maio, quando 207 catarinenses foram infectados.
Casos de tuberculose em 2024 em SC
Janeiro – 203
Fevereiro – 182
Março – 199
Abril – 194
Maio – 207
Junho – 215
Julho – 194
Agosto – 226
Setembro – 123
Total: 1.743
Segundo o boletim epidemiológico produzido pela Diretoria de
Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), o Estado apresentou uma
queda no número de diagnósticos da doença entre 2019 e 2020, contudo, a doença
voltou a crescer entre 2021 e 2023.
Entre janeiro e dezembro de 2023 foram notificados 2.226
casos novos de tuberculose, com 242 pessoas infectadas somente em agosto. A
faixa etária de 20 a 49 anos foi a que mais apresentou casos da doença ao longo
do ano (1.430).
Sintomas e tratamentos
De acordo com o Ministério da Saúde, no mundo, a cada ano,
cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável
por mais de um milhão de óbitos anuais. No Brasil são notificados aproximadamente
80 mil casos novos e ocorrem cerca de 5,5 mil mortes em decorrência da
tuberculose. Os principais sintomas são:
Tosse por três semanas ou mais;
Febre vespertina;
Sudorese noturna;
Emagrecimento.
O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses, é
gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o
Ministério da Saúde, a doença tem cura quando o tratamento é feito de forma
adequada, até o final.
Prevenção
A vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin), ofertada no Sistema
Único de Saúde (SUS), protege a criança das formas mais graves da doença, como
a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. A vacina está disponível nas
salas de vacinação das unidades básicas de saúde e em algumas maternidades.