Santa Catarina registrou 223 hectares de áreas atingidas por queimadas nos primeiros meses de 2025, segundo os dados atualizados nesta quarta-feira (16) pelo painel do Monitor do Fogo, uma ferramenta do MapBiomas que utiliza imagens de satélite para mapear cicatrizes de fogo em todo o país. O número representa um aumento de 137% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Estado queimou 94 hectares entre janeiro e março.
Apesar do aumento, o Instituto do Meio Ambiente (IMA/SC) fala que o território de área queimada no Estado representa apenas 0,00232% do território estadual. Em nota (veja abaixo), o órgão informou Santa Catarina segue entre os estados com menor número de queimadas — é o 25º no ranking nacional, à frente apenas do Espírito Santo.

Ainda conforme o painel, o tipo de uso e cobertura mais afetado durante o primeiro semestre de 2025 foi a agropecuária, com 199 hectares queimados. Em seguida estão as florestas, com 12 hectares, e a vegetação herbácea, com sete. A área não vegetada também aparece no boletim com três hectares queimados.
Fraiburgo, no Meio-Oeste catarinense, lidera os municípios do Estado com a maior cobertura de área queimada entre janeiro e março deste ano, com 22 hectares afetados. Irineópolis, Curitibanos, Bom Jardim da Serra e Imbituba também aparecem no top cinco do ranking.
Nos primeiros meses de 2025, o Brasil somou 912,9 mil hectares queimados, informou o Mapa do Fogo. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 2,1 milhões de hectares, houve uma redução de 70% no território nacional atingido pelo fogo.
Entre os estados brasileiros, Roraima foi o que mais queimou nesses três meses, somando 415,7 mil hectares. O Pará foi o segundo mais atingido, com 208,6 mil hectares queimados e o Maranhão perdeu 123,8 mil hectares para o fogo, sendo o terceiro na lista. Entre as cidades, Pacaraima e Normandia, ambas em Roraima, foram as mais afetadas, com 121,5 mil e 119,1 mil hectares, respectivamente.
Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Felipe Martenexen, Roraima vivencia sua estação seca no início do ano, o que torna o estado particularmente vulnerável às queimadas nesse período.
“Sobre os referidos percentuais divulgados pelo Monitor do Fogo, o número precisa ser interpretado com cuidado. Nos três primeiros meses de 2025, foram registrados 222 hectares queimados — o que representa apenas 0,00232% do território estadual. Trata-se de uma área muito pequena, o que torna qualquer variação nos dados proporcionalmente grande, mesmo que o impacto real seja mínimo no meio ambiente.
Esse aumento pode estar mais relacionado, por exemplo, à forma como os dados foram gerados do que a um crescimento real nos incêndios. A metodologia utilizada para detectar queimadas passou por melhorias importantes em 2025. As imagens de satélite estão mais precisas, com maior capacidade de identificar até pequenas áreas afetadas. Os algoritmos usados para classificar essas áreas também foram aprimorados, incluindo a aplicação de filtros temporais e espaciais para eliminar ruídos nos dados — como erros causados por nuvens, sombras ou variações de luz.
É importante notar que a detecção de queimadas envolve a integração de imagens ao longo do tempo e o uso desses filtros. Pequenas mudanças nos parâmetros desses filtros ou na janela de tempo analisada podem alterar os resultados de forma significativa, principalmente em estados como Santa Catarina, onde a área queimada é historicamente pequena em todos os anos”.