
O Rio Grande do Sul alcançou o número de duas mortes em razão do temporal que atinge o Estado desde segunda-feira (16). Os óbitos ocorreram em Nova Petrópolis, na Serra, e em Candelária, na Região Central — as duas vítimas foram arrastadas pela correnteza de cursos d'água (veja abaixo). Segundo a Defesa Civil, uma pessoa segue desaparecida.
O boletim mais recente do órgão, divulgado no início da noite desta quarta (18), aponta que 68 municípios relataram impactos provocados pela chuva, como danos a imóveis, alagamentos, vias bloqueadas, queda de árvores, entre outros problemas. Boa parte das cidades afetadas fica na Região Central e na Fronteira Oeste.
Há também problemas no Noroeste, nos Vales e na Região Metropolitana. Em Canoas, por exemplo, moradores do bairro Mathias Velho reviveram o drama da enchente de maio de 2024 e precisaram deixar suas casas. A parte oeste do município registrou alagamentos.
— Ver isso acontecendo de novo desanima. Dá vontade de largar tudo — diz um morador que se recusou a sair de casa no bairro.
Mortes na correnteza
Os bombeiros voluntários de Nova Petrópolis confirmaram, na manhã desta quarta, que um homem morreu após o carro em que ele estava ser levado pelas águas do Rio Caí, no limite do município com Caxias do Sul, na Serra. A vítima foi identificada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) como Mario César Trielweiler Gonçalves, 22 anos.
O homem atravessava uma ponte, quando parte da cabeceira da estrutura foi arrastada pela água.
Em Candelária, no Vale do Rio Pardo, bombeiros retomaram as buscas ao homem que está desaparecido há mais de 24 horas, desde que o carro em que estava foi arrastado pela correnteza do Arroio Minhoquinha.
O homem, de 65 anos, estava acompanhado da esposa, Geneci da Rosa, 54 anos. O corpo dela foi encontrado ainda na terça (17). Conforme relatos, o casal se deslocava para o trabalho, em uma empresa de bolsas. O veículo foi levado pela força da água durante a tentativa de travessia de uma ponte.
Região Metropolitana sofre novos alagamentos
Em Porto Alegre, ruas no entorno da Arena do Grêmio voltaram a registrar pontos de alagamento nesta quarta. Procurada por Zero Hora, a Arena Porto-Alegrense afirmou que o estádio não foi atingido pela cheia. Imagens mostram que o nível da água chega ao joelho dos pedestres em algumas ruas do bairro.
Apesar dos alagamentos, ainda não há recomendação para evacuação geral de nenhuma área da cidade, pelo menos neste momento, segundo a prefeitura. Conforme o Executivo municipal, a Defesa Civil mantém contato permanente com lideranças comunitárias e monitora em tempo real os pontos críticos com acúmulo de água e nas localidades mais vulneráveis da cidade.
"Não será algo parecido com maio de 2024"
A chuva que atinge o Estado, contudo, não deve causar um cenário similar ao vivido em 2024. A análise é do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— Ainda há previsão de mais chuva nos próximos dias. A evolução dos níveis dos rios vai depender disso. Até o momento, o acumulado é bem inferior aos volumes do ano passado. Por isso, projetamos que não será algo parecido com maio de 2024 — afirma Rodrigo Paiva, professor do IPH.
Situação no Interior
Lajeado, no Vale do Taquari, viu o Rio Taquari superar a cota de inundação pela primeira vez após a maior enchente da história da região. Dessa vez o volume é menor do que o registrado em maio de 2024, mas foi o suficiente para causar preocupação nos moradores
Até o final da tarde, 22 famílias haviam saído de casa para o ginásio do Parque do Imigrante.
— Quando eu vi a chuva cair, comecei a chorar. Meu marido estava no serviço trabalhando, me ligou e disse: "Vou pra casa, não vou te deixar sozinha" — conta Maristela da Silva, que foi para um abrigo público.