
Após ser supreendido com a decisão do empresário Antônio Carlos Camilo, o “careca do INSS” de faltar à reunião da CPMI do INSS convocada para a tarde desta segunda-feira (15), o presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG) dissse aos jornalistas que reuniu líderes da comissão para discutir a ausência e vai convocar familiares tanto de Antônio Carlos quanto de Maurício Camisotti para falar na CPMI, na condição de testemunhas.
Além disso, por consenso, os integrantes decidiram chamar o advogado Nelson Willians Fantoni. Os empresários são suspeitos de operar um esquema de descontos fraudulentos em aposentadorias e pensões do INSS, que ultrapassou R$ 6 bilhões de reais, e foram detidos na Operação Cambota, da Polícia Federal, na última semana. O advogado também foi alvo de mandados de busca e apreensão.
A operação contra os empresários e advogado acusados de liderar a fraude do INSS, por meio de descontos irregulares de aposentados, terminou com a apreensão de uma série de obras de arte, uma Ferrari e até a réplica de um carro de Fórmula 1.
Seis pessoas serão convocadas e deverão comparecer já nesta quinta-feira (18)
Carlos Viana informou que a CPMI do INSS fará uma sessão extra nesta terça-feira (16) para votar requerimentos de convocação de Tânia Carvalho, esposa do “careca” e do filho deles, Romeu Carvalho, ambos sócios de Antônio Carlos em diversas empresas. Tânia, por exemplo, é sócia de uma empresa com moimentacao que chega a quase R$ 400 milhões, segundo informou o vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Júnior (PSB-MA).
Ainda de acordo com Duarte Jr, a esposa do “careca” conta ainda com movimentações suspeitas no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), por ter comprado um imóvel no Lago Sul, região nobre de Brasília em dinheiro vivo, por R$ 3 milhões..Também serão chamados para prestar esclarecimentos os sócios de Antônio Carlos, Rubens Oliveira Costa e Milton Salvador de Almeida Júnior; além de Cecília Montalvão, mulher de Maurício Camisotti; e o advogado Nelson Willians.
O senador Carlos Viana chegou a cancelar a reunião da CPMI do INSS marcada para esta tarde após a defesa de Antônio Carlos Camilo avisar que ele não compareceria, mesmo tendo confirmado a presença com antecedência, e apesar de uma decisão do ministro do STF, André Mendonça, de que caberia a ele [careca] optar pela presença ou não na CPMI.
Viana lamentou a ausência, e afirmou que a convocação dos familiares “é uma resposta que a CPMI quer dar à falta de seriedade do advogado de Antônio Carlos em relação a acordo firmado com a comissão”. “Nós esperamos com toda sinceridade que a partir dessas convocações que todo acordo seja cumpprido pelos advogados, tanto investigados quanto testemunhas. Não estamos aqui apenas ocupando espaco”, completou o presidente.
O senador adiantou ainda que Maurício Camisotti, apontado como número 2 no esquema que lesou aposentados de todo o país, já enviou ofício avisando que também não atenderá ao chamado dos parlamentares para comparecer na quinta-feira (18), e por isso a esposa também será convocada. Viana informou ainda que há vários outros requerimentos de convocação que poderão ser votados, para ouvir outros nomes, como ex-presidentes e diretores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Imagens do ‘careca”: advocacia do Senado nega acesso por considerar que são informações sigilosas
Sobre o pedido da CPMI à presidência do Senado Federal, para saber quem o “careca” visitava, o senador Carlos Viana disse que a CPMI respeita o entendimento da Advocacia da Casa, que entendeu que as informações são sigilosas. Ao mesmo tempo, o presidente da CPMI informou que a comissão aguarda informações do Banco Central sobre diversos pedidos de quebra de sigilo bancário de envolvidos no esquema de fraude do INSS.
CPMI questiona decisão do STF sobre testemunhas e pode propor mudança no funcionamento de comissões de investigação
A decisão do ministro do STF André Mendonça de deixar para as testemunhas a decisão de ir ou não até a CPMI quando convocadas, no entanto, está sendo questionada pelo colegiado, que aguarda o julgamento de um mandado de segurança. “O que eu entendo é que se houver continuidade de manter habeas corpus para que pessoas não sejam obrigadas a comparecer, propormos uma lei em relação ao funcionamento de CPIs”, afirmou o senador.O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), também disse que é importante ouvir as pessoas que a comissão decidiu convocar, para esclarecer os fatos que resultaram na fraude do INSS. “O Brasil nao está querendo saber de ideologia A ou B, está querendo saber quem roubou os aposentados”, completou o deputado.
Os depoimentos serão marcados para a manhã desta quinta, e segundo o relator, se não for possível concluir no mesmo dia, seguirão na segunda seguinte, data em que a CPMI costuma se reunir.
Ainda de acordo com o relator da CPMI do INSS, Alfredo Gaspar, as peguntas serão divididas em dois blocos, com o objetivo de saber quem foram os “ladrões do dinheiro do povo sofrido”, e outro para esclarecer quem deu suporte político para que isto acontecesse.