
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou o líder de uma comunidade terapêutica e dois filhos por 12 crimes, entre eles tortura, abuso sexual, estelionato e redução à condição análoga à de escravo. A investigação, iniciada após denúncias de ex-integrantes, apontou que o grupo explorava financeiramente e psicologicamente dezenas de seguidores, em um sítio na zona rural de Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Segundo a delegada Jeiselaure de Souza, os suspeitos prometiam cura espiritual e prosperidade em troca de pacotes de imersão que chegavam a R$ 10 mil. Internos eram submetidos a humilhações, isolamento social, violência sexual mediante fraude e práticas pseudoterapêuticas, como a chamada "ozonioterapia retal". Havia também relatos de rituais de "cura gay", considerados formas de tortura e discriminação.
O inquérito revelou o desvio de milhões de reais em recursos obtidos por meio de cursos e doações forçadas. O grupo utilizava os valores em viagens, bens de luxo e imóveis. A polícia destacou que o esquema era estruturado e mantinha rígido controle sobre os seguidores, incluindo menores de idade.