O tornado que atingiu o Paraná nesta sexta-feira (7), deixando 6 mortos e mais de 750 feridos, foi classificado como EF3, um dos níveis mais altos na escala Fujita, que mede a intensidade dos ventos e o poder destrutivo do fenômeno.
Segundo especialistas, trata-se do tornado mais letal registrado no estado nas últimas três décadas e um dos mais intensos já documentados no Brasil.
O fenômeno atingiu com mais força o município de Rio Bonito do Iguaçu, onde ocorreram cinco das mortes, e também Guarapuava, que confirmou um óbito. A Defesa Civil estima que cerca de 10 mil pessoas foram afetadas, com centenas de casas destruídas e amplas áreas sem energia elétrica.
Tornado que atingiu o Paraná é o mais mortal em 30 anos
Pesquisas anteriores indicam que a última ocorrência com letalidade semelhante no Paraná havia sido em 1992, quando um tornado de intensidade semelhante atingiu Almirante Tamandaré, matando seis pessoas e ferindo outras 33.
Em entrevista ao O Globo, o meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Laboratório LAPIS, a medição da intensidade dos tornados é complexa e depende de observações diretas e dados de radar.
A origem do tornado
De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), o tornado foi resultado da formação de uma supercélula, tipo de tempestade caracterizada por intensa rotação dos ventos e forte instabilidade atmosférica.
Estima-se que as rajadas tenham ultrapassado 250 km/h, velocidade suficiente para arrancar árvores e destruir edificações.

A região Sul do Brasil apresenta condições favoráveis para a formação de tornados, principalmente durante a primavera, quando o encontro de massas de ar quente e frio cria um ambiente propício para tempestades severas.
Em 1959, um tornado de categoria F4 em Palmas, no Paraná, chegou a causar mais de 30 mortes, segundo registros históricos.
Tornados mais comuns no Brasil
Apesar da força desse episódio, a maioria dos tornados registrados no país é de categoria F1, com ventos entre 117 e 180 km/h.
Um estudo da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) contabilizou 581 tornados entre as décadas de 1970 e 2018, sendo 411 apenas na Região Sul, dos quais 89 ocorreram no Paraná.
O meteorologista Humberto Barbosa observa que o aquecimento global pode estar contribuindo para o aumento da frequência e intensidade desses eventos.
“As temperaturas cada vez mais elevadas criam um gradiente térmico mais forte, o que alimenta sistemas meteorológicos severos como esse. O calor é o gatilho de todo esse processo”, afirmou.
Contexto climático e prevenção
Autoridades estaduais seguem mobilizadas para atender as famílias afetadas e reconstruir as áreas destruídas.
Em Rio Bonito do Iguaçu, cerca de 90% das construções foram danificadas, e a cidade foi colocada em estado de calamidade pública. O governo federal também enviou equipes de ajuda humanitária e reconstrução.

