
Conversas mantidas ao longo dos últimos meses entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltaram ao centro do debate político e econômico em Brasília após novas revelações envolvendo o Banco Master. Os diálogos, segundo fontes, teriam ocorrido desde 30 de julho, data em que Moraes e a esposa, Viviane Barci de Moraes, foram alvo de sanções financeiras com base na Lei Magnitsky.
De acordo com fontes com conhecimento do teor das conversas, os contatos foram descritos como “republicanos”, sem qualquer tipo de pressão por parte do ministro do STF. Em um desses diálogos, o caso Master teria sido mencionado apenas de forma pontual e informal, quando Galípolo foi questionado se teria havido “sacanagem” contra o banco controlado por Daniel Vorcaro ou se a própria instituição teria cometido irregularidades. O tema, relatam as fontes, não avançou e foi tratado como mera curiosidade.
Naquele período, circulava em Brasília a versão de que grandes bancos, incomodados com o perfil considerado arrojado de Vorcaro, estariam atuando nos bastidores para prejudicar o Master junto ao Banco Central e no meio político. Além do banco, outros assuntos econômicos também teriam sido citados nas conversas entre Moraes e Galípolo, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Pressão ou interlocução institucional contra Moraes
A polêmica ganhou novo fôlego após a jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, revelar que Galípolo teria sido pressionado por Alexandre de Moraes em ao menos quatro ocasiões, por telefone e pessoalmente, em temas relacionados ao Banco Master. O episódio ganhou ainda mais sensibilidade porque o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes mantém um contrato de prestação de serviços com o banco, que soma R$ 129 milhões.
Na manhã desta terça-feira (23), Alexandre de Moraes divulgou nota oficial negando qualquer irregularidade. O ministro afirmou que, no contexto das sanções baseadas na Lei Magnitsky, recebeu não apenas o presidente do Banco Central, mas também representantes de diversas instituições financeiras e do setor bancário, como Banco do Brasil, Itaú, Febraban, BTG Pactual e Santander.
A disputa em torno do Banco Master se transformou em um dos episódios mais sensíveis do momento em Brasília, colocando em lados opostos grandes banqueiros, políticos e integrantes do Supremo Tribunal Federal. O caso ganhou contornos ainda mais delicados após o ministro Dias Toffoli, relator do processo, determinar sigilo sobre a investigação.
Toffoli também foi alvo de questionamentos após vir à tona que ele teria viajado em um jatinho privado com o advogado de um dos acusados, um ex-diretor do banco. Paralelamente, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu um prazo de 72 horas para que o Banco Central se manifeste sobre uma possível precipitação na decisão de liquidar o Banco Master.

